Investimento na modernização da Linha de Cascais atrasa dois anos

Mudança da tensão elétrica será concluída até ao final de 2023 e vai obrigar a troca de comboios. Investimento será de 50 milhões de euros.
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Vai ser preciso esperar até ao final de 2023 para a Linha de Cascais poder receber outro tipo de comboios. Só nessa altura é que o troço que liga esta vila a Lisboa vai ter corrente elétrica igual à da restante rede ferroviária nacional.

Este é mais um atraso, de dois anos, na execução do plano de investimento Ferrovia 2020 admitido pela IP - Infraestruturas de Portugal. Quando o plano foi apresentado, em 2016, o prazo para a conclusão deste investimento era até ao final de 2021.

"A concretização do projeto de modernização da Linha de Cascais ficou prevista no âmbito da Reprogramação do Portugal 2020. Entre as intervenções está a substituição do sistema de alimentação de energia elétrica [catenária]. Até 2023, estas obras serão executadas", explicou fonte oficial da IP ao DN/Dinheiro Vivo.

Em novembro do ano passado, o ministro das Infraestruturas da altura, Pedro Marques, anunciou a aprovação do investimento de 50 milhões de euros nesta linha, ao abrigo da reprogramação dos fundos comunitários do programa 2020. Só que ainda faltava dar alguns passos até este investimento entrar nos carris: apenas a 30 de setembro deste ano é que a IP pôde formalizar o projeto junto de Bruxelas através da POSEUR, a autoridade que gere estes fundos.

Quando as obras estiverem concluídas, a Linha de Cascais vai migrar para o sistema de tensão que existe na restante rede ferroviária nacional, dos atuais 1500 volts em corrente contínua para os 25 mil volts em corrente alternada. Esta linha será alimentada por uma nova subestação de tração que será construída em Sete Rios e que terá capacidade para alimentar os mais de 25 quilómetros deste troço.

Também nessa altura, esta ligação ferroviária terá de ter novo material circulante, substituindo as automotoras elétricas com mais de 50 e 60 anos. "Os atuais comboios só foram feitos para ser usados neste sistema de eletrificação. Eles não poderão ser aproveitados depois da mudança da catenária", assinala Manuel Tão, professor da Universidade do Algarve.

Quem operar esta linha terá três opções: "A aquisição de material circulante, através de um aluguer de longa duração; aproveitar material excedentário da Linha de Sintra que está neste momento a ser reparado; ou, através de um operador metropolitano, comprar comboios em definitivo que depois possam ser utilizados na restante região de Lisboa, já a pensar na ligação entre a Linha de Cascais e a restante rede rodoviária nacional", propõe este especialista.

A modernização da Linha de Cascais também contempla a instalação do ETCS, o sistema eletrónico de controlo de comboios; a renovação de estações e a respetiva ligação com outros modos de transporte; a reabilitação de taludes; a intervenção em passagens de nível; e ainda a preparação da ligação desta linha à restante rede ferroviária nacional - que só será concretizada mais perto do final da próxima década, ao abrigo do Plano Nacional de Investimentos.

Este não é único investimento ferroviário que está atrasado. Tal como noticiámos na semana passada, estão atrasadas outras 18 intervenções prioritárias do plano Ferrovia 2020, apresentado em fevereiro de 2016 e que representa um investimento de dois mil milhões de euros.

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