Investigador da NASA faz testes no Alentejo
O astrobiólogo Steve Vance, do Jet Propulsion Laboratory, da NASA, está em Portugal para estudar as águas termais de Cabeço de Vide, no Alentejo. O objetivo é definir parâmetros mais exatos para conseguir identificar sinais de vida a partir de análises geológicas e hidrogeológicas. Este é, afinal, um trabalho que pode vir a ter repercussões na missão do rover Curiosity, a decorrer durante os próximos dois anos em Marte.
"Estou a tentar demonstrar que posso utilizar um espetrómetro idêntico a um que está a bordo do Curiosity para procurar sinais de geologia ativa", explicou ao DN o investigador da NASA.
Quando se detetam, por exemplo, gases como metano num determinado ambiente não é possível perceber a olho nu se foram produzidos por organismos vivos, ou se resultam de processos geológicos. É necessário fazer mais medições. E é esta fase dasanálises que Steve Vance pretende afinar. "Se conseguir melhorar estas medições na Terra, isso poderá ajudar-nos a perceber melhor as leituras que fizermos em Marte", afirma.
O trabalho em Cabeço de Vide está terminado. Steve Vance regressa amanhã aos Estados Unidos, mas à sua frente já seguiram para o laboratório as amostras que recolheu no Alentejo. "Fizemos logo algumas análises no terreno e os resultados preliminares parecem indicar a presença de metano e etano nas amostras", adianta o investigador.
Agora trata-se de ir um pouco mais além. "Penso que vamos conseguir perceber se a origem destes gases são organismos vivos ou apenas um resultado da geologia ativa. Dentro de algumas semanas terei uma resposta". Os testes seguintes poderão já ser feitos em Marte.
Do Jet Propulsion Laboratory para Cabeço de Vide, Steve Vance percorreu um caminho que, afirma, está a dar bons frutos. Tudo começou em 2008, quando descobriu que o professor e investigador português, José Manuel Marques, do Instituto Superior Técnico tinha estudado e publicado um artigo sobre o tipo de geologia ativa encontrada naquela região alentejana, onde a água interage com a rocha de uma forma não muito comum. "Entrei em contacto com ele, começámos a colaborar e estamos muito satisfeitos com os resultados", conclui o investigador da NASA.