Investigações contra Lula centralizadas no juiz do caso Lava Jato

O juiz do caso Lava-Jato vai decidir se o ex-presidente brasileiro fica em prisão preventiva
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A juíza encarregada de decidir sobre a prisão do ex-Presidente brasileiro 'Lula' da Silva decidiu hoje enviar a denúncia e o pedido de prisão do Ministério Público para o juiz federal responsável pela operação anticorrupção Lava Jato.

Maria Priscilla Ernandes, de São Paulo, enviou o processo para Sérgio Moro, abrindo mão do direito de decisão sobre o pedido do Ministério Público estadual por entender que, "como é público e notório, tramita perante aquela vara os processos da chamada 'Operação Lava-Jato'", que investiga crimes envolvendo empreiteiras acusadas de pagar subornos em contratos da petrolífera Petrobras.

Segundo a imprensa brasileira, a juíza decidiu também retirar o sigilo do processo contra Inácio 'Lula' da Silva.

Lula admite: Instituto Lula com o seu nome pediu doações a empresas da Lava Jato

O ex-Presidente brasileiro Lula da Silva admitiu, em depoimento prestado a 4 de março e reproduzido hoje na imprensa, que funcionários do Instituto Lula possam ter pedido doações a empresas da investigação Lava Jato.

Em resposta às perguntas da Polícia Federal no âmbito da 24ª fase da Operação Lava Jato, o ex-chefe de Estado disse que negou ter procurado qualquer empresa envolvida na investigação de corrupção para pedir doações ao instituto com o seu nome, mas admitiu que funcionários daquela entidade possam ter pedido dinheiro "a todas" as empresas.

No depoimento, o ex-Presidente mostrou-se irritado: "no mundo desenvolvido isso já é uma coisa normal, ou seja, não é nem vergonha, nem crime, alguém dar dinheiro para uma fundação, aqui no Brasil a mediocridade ainda transforma tudo em coisas equivocadas".

O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal acreditam ter encontrado indícios de que Lula recebeu vantagens indevidas, como um apartamento e reformas em imóveis, além de doações e pagamentos por palestras via Instituto Lula e a empresa LILS Palestras, que pertence ao ex-Presidente.

Segundo o MPF, o instituto recebeu de empreiteiras investigadas na Lava Jato cerca de 20 milhões de reais (4,96 milhões de euros) em doações e a LILS Palestras recebeu 10 milhões de reais (2,48 milhões de euros).

Os responsáveis pela investigação querem descobrir se os recursos vieram de desvios da Petrobras e se foram usados de forma legal. O Instituto Lula transferiu parte do dinheiro para empresas de filhos do ex-Presidente, e o MPF quer apurar se os serviços foram efetivamente prestados. Questionado sobre as doações para as suas campanhas, Lula respondeu que "um Presidente da República que se preze não discute dinheiro de campanha, se ele quiser ser presidente de fato e de direito ele não discute dinheiro de campanha".

Em resposta à Polícia Federal, o ex-líder brasileiro afirmou que decidiu não comprar o apartamento em Guarujá por considerá-lo inadequado para viver com a família. Lula classificou a investigação sobre o apartamento de "sacanagem homérica" e criticou a imprensa por, segundo ele, lhe atribuir a propriedade do imóvel.

Sobre o sítio em Atibaia, Lula referiu que o imóvel pertence a Fernando Bittar e Jonas Suassuna, "com registo em cartório em Atibaia, comprado com cheque administrativo" e que isso já foi provado. Quanto às remunerações por palestras, Lula disse que as empresas interessadas procuram o Instituto Lula e que ele cobra 200 mil dólares (180 mil euros).

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