Investigação alerta para radiação da Net sem fios

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Será que a Internet sem fios acarreta riscos para a saúde? A questão é velha, mas uma pesquisa do Panorama BBC no Reino Unido veio de novo questionar o impacto das radiações nos utilizadores. A BBC frisa que algumas escolas com redes wi-fi(wirelessfidelity) têm níveis três vezes acima dos gerados pelas antenas das estações de comunicação, o que foi criticado por vários cientistas. Luís Correia, professor do Instituto Superior Técnico, disse que as radiações do wi-fi são dez vezes inferiores às dos telemóveis".

No café, no aeroporto, no hotel e agora até em praias de todo o mundo já é possível navegar sem fios e sem problemas de acesso. A Internet sem fios é uma revolução inquestionável que veio facilitar a vida a milhões de trabalhadores que não conseguem cumprir tarefas sem a chamada mobilidade. Em Portugal, são mais de 1243 pontos (designados hotspots) a oferecer acesso wi-fi à Internet. Os números são bastante mais modestos do que os do Reino Unido, onde, nos últimos 18 meses, mais de dois milhões de pessoas aderiram às redes sem fios.

O governo britânico insiste que os níveis de radiação por radiofrequência são seguros para a população. Porém, o Panorama BBC visitou algumas escolas e as conclusões foram preocupantes. Numa escola de Norwich, com mais de mil alunos, foi comparado o nível de radiação de uma antena de telemóvel com o do wi-fi numa sala de aula. As leituras revelaram que a força do sinal era três vezes superior na sala de aula com wi-fi.

Vários físicos contactados pelo The Guardian criticaram a correcção do estudo do programa, por nem sequer ter em conta regras e conceitos científicos. Paddy Regan, da Universidade de Surrey, criticou o facto de as medições de radiação das diferentes fontes (computador portátil e antena de uma estação de telecomunicações móveis) terem sido feitas a distâncias completamente diferentes. A antena para telemóvel estava a cem metros de distância e o computador estava a um.

"Duvido da credibilidade deste estudo, porque são valores que não existem", disse ao DN Luís Correia, investigador do Instituto de Telecomunicações e da equipa técnico-científica do monIT - projecto que monitoriza a radiação electromagnética em comunicações móveis com regularidade em todo o País. "O wi-fi tem uma potência muito mais baixa que as antenas de estação-base de telemóveis. No nosso projecto nunca conhecemos nenhum local onde se tivessem ultrapassados os limites permitidos". A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), entidade que verifica se os níveis de segurança estão a ser respeitados, corrobora esta informação e garante que, até hoje, os níveis de radiação wi-fi estiveram sempre muito abaixo dos limites estipulados.

"No nosso projecto nunca encontrámos nenhum local onde a potência ultrapassasse os limites. Se isso acontece com os telemóveis, com o wi-fi nem se devia levantar suspeitas. Nos telemóveis, o limite de exposição à radiação por radiofrequência é de "um watt por metro quadrado e as antenas do wi-fi emitem dez vezes menos radiações", explica. No caso das estações base de telemóveis, o limite é de 500 watts. Para estarem fora de perigo, as pessoas só têm de estar a centímetros de distância das antenas wi-fi e de um a três metros de uma estação-base. "A única maneira de se correr riscos é subindo aos postes", ironiza.

A BBC frisou ainda que vários cientistas têm questionado os limites das radiações. As crianças são uma preocupação, já que há poucos estudos sobre o impacto das radiações em crânios em desenvolvimento. Especialistas referem que os limites estão tão abaixo da zona de perigo, que as crianças podem estar seguras. |

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