Interface terá investimento de 1400 milhões de euros até 2022
Até 2022, o governo investirá um total de 1400 milhões de euros no novo programa Interface, lançado recentemente com o objetivo de resolver um problema persistente na economia portuguesa: a distância entre o mundo empresarial e o mundo académico, que dificulta a transferência de conhecimento e os projetos concretos de inovação empresarial.
Tendo como pano de fundo a redução do nível de investimento em inovação e desenvolvimento (I&D) - que ocupava 1,58% do PIB em 2009 e passou para 1,29% em 2014) - o Programa Interface visa assim "reforçar as ligações entre empresas, universidades, politécnicos e centros tecnológicos, construindo pontes que melhorem as sinergias entre empresas e reforcem a ligação entre conhecimento científico e inovação empresarial".
Tudo isto, declarou o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, com "o objetivo de reforçar a competitividade das empresas portuguesas, através do aumento da inovação". "As empresas que consigam ser inovadoras podem tornar-se líderes mundiais, capazes de competir no mercado global com mais competitividade", garantiu Caldeira Cabral em entrevista ao DN. Ao programa Interface juntam-se ainda outras medidas bandeira do governo, como o Indústria 4.0 e o Startup Portugal.
Com um orçamento total de 4,7 mil milhões de euros e 14 medidas no âmbito do Programa Nacional de Reformas, a promoção da inovação é um dos seis pilares fundamentais do "rumo" traçado pelo governo em 2016 para a melhoria da economia portuguesa e estará esta semana em destaque num debate (o quarto de uma série de seis encontros que vão decorrer até 5 de abril, antes de ser apresentado a Bruxelas o novo PNR para 2017) na próxima quinta-feira, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Além das presenças do ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, e do ministro da Economia, Caldeira Cabral, o debate incluirá um painel sobre o tema "Reforçar a Ciência, Valorizar Produtos Portugueses pela Inovação", com representantes do mundo científico, empresarial, e também dos centros de interface e dos clusters.
"Vão estar disponíveis 63 milhões de euros para empresas e centros de interface tecnológicos, e - até ao final do ano - estarão disponíveis mais de 200 milhões de euros destinados às empresas, centros de interface e instituições científicas", detalhou ainda o ministro da Economia. Admitindo que estas instituições intermédias "tiveram, em geral, uma diminuição do seu financiamento" nos últimos anos, o governante anunciou também a criação do Fundo de Inovação, Tecnologia e Economia Circular (FITEC), "que vai permitir um financiamento plurianual" e uma maior estabilidade dos centros de interface, e que terá, em 2017, uma dotação de 44 milhões de euros, reforçada anualmente até 2020 até chegar a um total de 200 milhões de euros. No caso dos centros de interface tecnológico, que atualmente já trabalham com 25 mil empresas, o objetivo é que ultrapassem as 40 mil empresas e que as parcerias englobem mais atividades, por causa das exigências crescentes dos processos de inovação".
Além dos 200 milhões canalizados para o FITEC, há ainda 700 milhões em incentivos à inovação para projetos nas "áreas da eficiência energética, economia circular e digitalização". No âmbito do lançamento de linhas de crédito específicas para financiar a implementação de projetos nas empresas, poderão ser abertos instrumentos de financiamento até euro500 milhões.