ACâmara de Setúbal aprovou a abertura do processo para classificação do Convento de Brancanes como imóvel de interesse municipal. O objectivo da autarquia visa preservar aquele património sadino, onde em tempos funcionou uma prisão - entre 1998 e Maio de 2007 -, mas que no ano passado foi adquirido por um promotor privado, o advogado António Lamego, por 3,4 milhões, que pretende ali construir "habitação e equipamentos hoteleiros ou de saúde", abrangendo um total de 18 metros quadrados..Nesse sentido, a prioridade da autarquia, que se manteve à margem das negociações, passou a ser a conservação dos valores existentes no edifício, onde se incluem azulejos setecentistas em diversos sectores do imóvel, o que levou a câmara a solicitar que o promotor investisse num "hotel de charme", preservando toda a história conventual, desde a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos até às capelas de Nossa Senhora dos Anjos e da Guia..Contudo, e enquanto se desconhece quais são os reais projectos, a aposta no estatuto de imóvel de interesse municipal confere uma maior garantia de sustentabilidade à edilidade de Setúbal, já que todas as obras que venham a decorrer no convento na freguesia de Nossa Senhora da Anunciada vão ser fiscalizadas com maior rigor pelos técnicos da autarquia, da Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo e do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico.."O carácter matricial do bem, os testemunhos simbólico e religioso e o valor estético" são alguns dos pontos destacados pela autarquia para defender a classificação do convento, que adjectiva de "lugar de referência na memória colectiva dos setubalenses", sendo que a iniciativa do pedido de classificação partiu de um outro privado, Pedro Barreto, tendo a autarquia encaminhado o processo para o gabinete dos centros históricos que procedeu à sua formalização..O próprio promotor António Lamego tem cooperado neste processo, permitindo visitas dos técnicos ao local, pelo que, segundo fonte do gabinete da presidência da autarquia, é espectável que venha a dar o aval à ambicionada classificação, até porque esse estatuto se irá traduzir numa mais-valia turística para o convento, que ontem mantinha os portões fechados, inviabilizado qualquer acesso ao seu interior. O convento foi fundado em 1682 por frei António das Chagas para formar missionários, mas após o terramoto de 1755, o edifício foi ocupado pela Câmara de Setúbal. Durante as invasões francesas (século XIX) funcionou como hospital militar.