Intenções de compra de casa e carro no mínimo
Comprar casa e carro não está, neste momento, no horizonte da grande maioria dos portugueses. De acordo com o inquérito aos consumidores realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), as intenções de aquisição de casa e automóvel das famílias portuguesas situam-se, em 2006, ao nível mais baixo desde 1990, primeiro ano para os quais é possível aceder a estes dados.
O índice calculado através das respostas dos inquiridos à pergunta sobre a probabilidade de vir a adquirir uma habitação durante os próximos doze meses atingiu, durante os primeiros trimestres deste ano, um valor médio de -91 pontos. Isto significa que a grande maioria das pessoas afirmou não ir comprar casa ou pelo menos haver uma probabilidade muito baixa de isso acontecer.
Este é o resultado mais baixo desde 1990 e constitui uma nova descida face ao valor médio de -90 em 2005. Mesmo em 2003, ano em que Portugal registou uma taxa de crescimento negativa e em que o desemprego aumentou fortemente, o valor era significativamente mais positivo (-84).
Um cenário semelhante verifica-se na expectativa de aquisição de automóveis. O indicador que mede as intenções de aquisição deste bem situou-se, durante os três primeiros trimestres do ano em -82 pontos, o valor mais baixo desde 1990.
Em comparação com os outros países europeus, Portugal é actualmente entre os 25 Estados membros, o quinto com menores intenções de compra de habitação, apenas atrás da Bélgica, Alemanha, Itália e Malta, e o primeiro ao nível dos automóveis.
A manutenção da descida nas intenções de aquisição de casa e carro acontece num período em que assiste a uma recuperação, embora moderada, do nível de confiança global dos consumidores portugueses. Acontece igualmente no momento em que a economia nacional dá sinais de aceleração por via de um desempenho muito forte das exportações. O que explica então esta dificuldade que os portugueses sentem actualmente em adquirir bens duradouros, como as casas e os automóveis?
O problema reside no facto deste tipo de bens ser adquirido, na grande maioria dos casos, através do recurso ao crédito e, neste capítulo, a situação está agora mais difícil do que há alguns anos atrás. As famílias portuguesas estão entre as mais endividadas da Europa, com o total da dívida a pagar a atingir os 118% do rendimento disponível, e as taxas de juro na Zona Euro encontram-se a meio de um ciclo de subida que promete encarecer ainda mais o financiamento para estas compras de grande envergadura.
Pedidos de novos créditos caíram 15%
Os pedidos de novos créditos para a compra de habitação caíram 15% em número no primeiro semestre deste ano, de acordo com dados fornecidos por um conjunto de instituições bancárias à Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas (AECOPS). Este resultado, de acordo com os construtores, pode comprometer, a curto prazo, o desempenho positivo, apesar de incipiente, que o número de contratos de financiamento revelou no mesmo período, segundo dados da Direcção-Geral do Tesouro relativos a todo o sistema bancário e que revelam um crescimento de 0,4%. No entanto, esta subida foi de 8% no primeiro trimestre. No segundo trimestre, os novos contratos desceram 6,4%. AS