Instruções aos árbitros pedem menos penáltis e mais tempo útil
Com a Liga 2018/19 a horas do arranque (na sexta-feira), o Conselho de Arbitragem (CA) da FPF tem-se desdobrado em ações de divulgação das orientações dadas aos árbitros, árbitros-assistentes e vídeo-árbitros para a nova temporada. Entre as principais novidades, destacam-se as instruções paradeixar o jogo ser mais fluído e para se compensar melhor as perdas de tempo.
A análise feita à arbitragem da temporada passada revelou a tendência para se marcarem demasiados penáltis, revelou o Conselho de Arbitragem numa sessão de esclarecimentos aos media, realizada esta quarta-feira na Maia. Assim, para esta época, as orientações vão no sentido de os árbitros serem mais exigentes nos critérios para a marcação de grandes penalidades, evitando assinalar os pequenos contactos - ou "pseudo" penáltis, como os cataloga o CA.
Além disso, os responsáveis da arbitragem querem ver um jogo mais fluído, pedindo aos árbitros para aplicarem a coerência e a consistência das decisões em todo o terreno de jogo. Ou seja, "não marcarem demasiadas faltas".
Outro ponto forte das orientações para a nova época está relacionado com o tempo útil dos jogos nas ligas profissionais portuguesas, depois de esse ter sido um dos principais motivos de queixa na temporada passada. O CA tem a noção de que se está "a compensar mal" o tempo perdido e pede "maior controlo" do tempo gasto, o que requer ação mais incisiva dos juízes perante situações de "queima de tempo" e, sobretudo, "coragem" face às perdas de tempo dos guarda-redes.
Outro item focado é o da sempre polémica interpretação dos lances de mão na bola. Aqui, as instruções dadas aos árbitros passam por "na dúvida não punir", atuando apenas "perante indicadores de uma ação deliberada".
Sobre os foras-de-jogo, os árbitros devem, por exemplo, ser mais "proativos" nos lances de bola parada perante jogadores que se posicionam em situação de offside para poder interferir na abordagem dos adversários aos lances, avisando-os de que se tal suceder a jogada será anulada.
De resto, desde a introdução do vídeo-árbitro (VAR), na época passada, as instruções às equipas de arbitragem têm sido no sentido de "na dúvida, deixarem seguir e finalizar a jogada", com o CA a reconhecer que, no entanto, "houve alguns excessos". Para esta temporada, a filosofia é a mesma e os árbitros-assistentes têm orientações para arriscar no processo de decisão, deixando prosseguir as jogadas que não sejam de decisão evidente, mas os responsáveis esperam a afinação desta metodologia.
Quanto à gestão disciplinar dos jogos, o Conselho de Arbitragem quer ver menos cartões mostrados e aconselha os árbitros a gerirem "q.b." a amostragem do primeiro cartão, alertando no entanto que "há situações em que não há gestão possível" e que não há de ter receio em mostrar um cartão nos primeiros minutos da partida se tal o justificar.
Situações merecedoras de atenção disciplinar são atitudes de falta de respeito perante os árbitros, agarrões, interrupções de ataques prometedores ou claras ocasiões de golo e ainda o uso de força excessiva ou conduta violenta.
Aproveitando o exemplo do último Mundial de futebol, onde se assistiu a vários jogadores e outros elementos das seleções a pedirem ostensivamente o recurso dos árbitros ao VAR, o CA avisa que tal não será tolerado na Liga portuguesa, sendo punidos disciplinarmente os elementos que o fizerem.
O Conselho de Arbitragem faz um balanço positivo do "ano zero" do VAR, em 2017/18, época na qual foram revertidas 76 decisões com recurso ao vídeo-árbitro, e espera melhorias nesta temporada, em que quatro árbitros vão dedicar-se em exclusivo a essa função, que passa a ser reconhecida como uma categoria própria no regulamento de Arbitragem.
Os quatro elementos exclusivamente dedicados ao VAR são Bruno Paixão, Vasco Santos, Luís Ferreira e Bruno Esteves. O facto de alguns deles terem tido classificações negativas enquanto árbitros na temporada anterior não preocupa o CA, que garante que todos "foram avaliados também como VAR e tiveram bons desempenhos" nessa função.
De resto, o Protocolo do VAR foi esta temporada incluído nas próprias Leis do Jogo, instituídas pelo International Board (IFAB).
Numa sessão em que foram utilizados vários exemplos de jogos das ligas profissionais portuguesas da época passada, foi também comentado já um lance da última Supertaça ganha pelo FC Porto, para explicar que o VAR não atuou no lance em que Herrera saiu a sangrar por não se ter tratado de uma ação violenta do jogador do Aves, mas antes um gesto imprudente, o que impediu que fosse abrangido pelo protocolo do VAR.