Instituto Alemão evoca Viktor Ullmann

Compositor judeu checo de expressão alemã foi uma das tantas vítimas do nazismo. Recital de quinta-feira (19.00, entrada livre) inclui uma peça inédita de sua autoria.
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O recital celebra os 70 anos do assassínio de Viktor Ullmann em Auschwitz, data que passou no pretérito 18 de outubro, mas ocorre em Lisboa hoje, 7 de maio, data em que passam precisamente 70 anos sobre a capitulação total e incondicional de todas as forças armadas alemãs, assinada em Reims.

Trata-se de uma iniciativa do Instituto Alemão, em parceria com a Academia e Arquivo Lahr von Leïtis, instituição fundada em 1995 e destinada a recuperar e promover toda a arte e artistas vítimas de discriminação, perseguição e repressão.

O recital, de entrada livre, tem lugar no Auditório do Goethe-Institut às 19.00 e, se merece desde logo o maior interesse por apresentar obras de Ullmann, que se ouvem ainda raramente, mais acresce por incluir duas obras de grande significado, também simbólico: trata-se, em primeiro lugar, da 'Balada da Vida e da Morte do Alferes Cristóvão Rilke', para voz declamada e piano (ou orquestra), última obra que Ullmann terá concluído no campo de concentração de Theresienstadt, antes de ser deportado com a mulher para Auschwitz. Como o título indica, base literária é a obra homónima de Rainer Maria Rilke (1875-1926), datada da viragem do século, e que já serviu de inspiração, desde então, a uma dezena de compositores, incluindo uma ópera de Siegfried Matthus. Dela, Ullmann escolheu 12 excertos, que são lidos, enquanto o piano acompanhador comenta e ilustra o texto.

A obra terá sido terminada em julho de 1944 e ouvida várias vezes até final de setembro seguinte, em Theresienstadt.

Segundo grande ponto de interesse é a inclusão da parte de violino da 'Sonata para violino e piano, op. 39' (de 1937). Trata-se, aqui, de uma obra, datada ainda dos anos de Praga do compositor, mas cuja parte de piano se perdeu, vítima de todas as vicissitudes trazidas pela ocupação alemã da cidade, a partir de março de 1939. Far-se-á, assim, a execução, no violino solo, de três dos quatro andamentos originais da sonata (o andamento em falta depende em demasia do piano para que uma execução a solo no violino faça sentido musical). É possível que seja, aqui, a primeira execução mundial em concerto da parte de violino da sonata.

A completar a componente musical, ouve-se a 'Sonata para piano n.º 6', outra obra datada dos anos de Theresienstadt (1943). A anteceder a música, Michael Lahr, da instituição acima mencionada, fará uma comunicação (em inglês) sobre a música em Theresienstadt.

Intérpretes serão Dan Franklin Smith (piano), Martin Walch (violino; integra o Merlin Ensemble de Viena, especializado em música do nosso tempo) e, como narrador, Gregorij von Leïtis.

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