Inspetora das Finanças de Portugal envolvida no Swissleaks

Uma chefe de serviço da Inspeção-Geral das Finanças e dois familiares estão envolvidos no escândalo das contas da sucursal de Genebra do banco HSBC, conhecido como Swissleaks, segundo a TVI.
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Filomena Martinho Bacelar é o nome que aparece entre os clientes do banco. Trabalha atualmente na Inspeção Geral das Finanças como chefe de equipa em direção operacional. Teria 1,6 milhões de dólares na sucursal do HSBC. Outros dois familiares aparecem como tendo dinheiro no banco, num total de 2,5 milhões de dólares, avança a TVI.

A Inspetora das finanças, desde 1990, como aparece no seu perfil da rede social LinkdedIn, ocupou vários cargos em empresas públicas (Metro do Porto, Águas de Portugal, Ana Aeroportos, Parque Expo).

O dinheiro em nome de Filomena Bacelar e dos seus familiares está ligado a duas offshores, a Pernell Enterprises Limited e a Bordel Investments Holdings Limited. Esta última é detentora de uma outra empresa, a Searchouse Imobiliária, Unipessoal com sede na Torre das Amoreiras, em Lisboa, gerida pela advogada Ana Bruno, cujo nome aparece ligado à rede de fraude fiscal e branqueamento de capitais Monte Branco. A advogada, administradora da Newshold, que detém o semanário Sol, negou, em comunicado ao jornal, qualquer envolvimento com esta operação.

Filomena Bacelar recusou falar à TVI sem autorização do ministério das Finanças, que, por seu lado, afirmou tratar-se de um assunto pessoal da visada.

O banco HSBC, através da sucursal de Genebra, terá montado um esquema que envolve 180 milhões de euros que se destinava a ajudar os clientes a escapar aos impostos, segundo uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação publicada no início de fevereiro.

Estas operações financeiras aconteceram entre 2006 e 2007 e envolvem 106 mil clientes de 203 países e 20 mil sociedades offshore. Portugal é o 45.º país com mais dinheiro envolvido, com 856 milhões de euros. A conta com um valor mais alto tem 144 milhões de euros e pertence a um banco, o valor mais baixo é de uma fundação a que está ligado um antigo ministro, agora deputado.

O envolvimento de portugueses neste esquema de branqueamento de capitais e fraude fiscal levou o Bloco de Esquerda a pedir explicações ao Governo no Parlamento.

A TVI, que divulgou a notícia, está envolvida com a investigação que está a ser levada a cabo pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, a que estão ligados também o francês "Le Monde" e o britânico "Guardian".

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