Inspectores voltam amanhã à universidade

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Fernando Santos, 33 anos, trata da parte administrativa da empresa de construção civil do pai e faltam-lhe quatro cadeiras para acabar o curso. Pensava que esse número seria reduzido para três na sexta-feira passada, dia em que estava marcada a oral de Arrendamento Urbano. Rita Garcia Pereira, a professora, viu serem-lhe recusadas as pautas e não pôde fazer o exame.

"Não trabalhei esta semana, faltei a aulas para me preparar e só quando estava para fazer o exame é que percebi que não era possível", protesta Fernando Santos, que tem nova prova marcada para sexta-feira.

"Estou aqui para fazer as orais aos meus alunos e tenho o seu filho que não me dá as pautas. É esta a normalidade de que fala?", perguntou Rita Garcia Pereira a Luiz Arouca, durante a sessão de esclarecimento convocada pelo reitor.

A conversa dos alunos nos corredores tem um só objectivo: perceber como podem acabar o curso. "Estamos a meio do ano, não é possível fechar a universidade ou distribuir-nos por outras instituições. Já estamos a funcionar segundo o Processo de Bolonha e as outras universidades não estão. O que queremos é uma intervenção do ministério. Podem nomear uma comissão gestora. Queremos acabar o curso", comenta um grupo de alunos do 4.º ano.

"Fiz o primeiro semestre com dispensa de exames e não estudava há 20 anos. Tenho dois filhos. Há muito esforço pessoal nestes resultados, para depois nos dizerem que não estamos a tirar um curso, mas a pagar um curso. E hoje não sabemos quem é que nos vai dar aulas", lamenta Maria Rosa, 41 anos, funcionária pública destacada para os CTT, mesmo ao lado da UnI, com um filho de dois anos e outro de 14. O marido trabalha no mesmo sítio e estuda na mesma turma. Os filhos ficam com a avó.

Os estudantes concordam com o Conselho Reitoral quando este defende que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior deveria agir imediatamente. Mariano Gago não responde a esta exigência, remetendo a resposta para o comunicado divulgado há uma semana, onde diz que vai ser revisto o reconhecimento da instituição e dos cursos.

A Inspecção-Geral do Ensino Superior teve prevista uma deslocação à universidade na sexta-feira, mas o Conselho Reitoral pediu para adiar esta visita para amanhã.

A UnI entrou em funcionamento em 1993 com 164 alunos do curso de Engenharia. Actualmente tem 14 licenciaturas distribuídas pelas áreas de direito, engenharia, ciências de comunicação, psicologia, gestão e relações internacionais. Os anos de 2000 e 2001 foram os que atingiram o pico de frequência, contando com 2700 alunos, tendo depois vindo a decrescer o número de estudantes.

No ano lectivo de 2007/2008 recuperou, com a chegada de 500 novos alunos. Segundo Frederico Arouca, tem actualmente cerca de 2400 alunos. Mas, segundo Conceição Cardoso, este número ronda os dois mil. Um quarto são angolanos. Isto porque a SIDES tem um acordo com Angola, com a qual está também, actualmente, em litígio.

Os alunos que frequentam a Independente pagam cerca de 240 euros por mês.

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