Inspectora da PJ queixa-se de ter sido intimidada por Valentim
O reinício do julgamento do caso "Apito Dourado" ficou ontem marcado pela indignação que a inspectora da Polícia Judiciária Leonor Brites transmitiu ao juiz que preside ao processo por ter sido cumprimentada por Valentim Loureiro após ter dado o seu testemunho na tarde de terça-feira, depoimento que ficara a meio, tendo transitado para a sessão seguinte. A inspectora, que segundo fontes do Tribunal de Gondomar se terá sentido pressionada e intimidada, afirmou que o major a abordou num tom "exaltado" e "agressivo", confrontando-a com o teor das suas declarações, dizendo-lhe que não sabia distinguir um despacho de uma adjudicação.
O arguido, que se referia às declarações da testemunha sobre o alegado favorecimento da Câmara de Gondomar à empresa Globaldesign - também julgado no âmbito do processo - para conceber uma campanha informativa sobre um programa de reabilitação urbana, tentou intervir para justificar a sua atitude perante o tribunal, mas foi impedido pelo juiz-presidente, António Carneiro. Só poderia fazê-lo "se fosse sobre o processo", explicou. Contudo, o magistrado encerrou a polémica considerando que "as pessoas são livres de falar com quem quiserem", sendo que "as atitudes ficam com quem as pratica".
No intervalo para almoço, Valentim Loureiro explicou aos jornalistas o sucedido: "Limitei-me a dizer à senhora inspectora que deveria ver a diferença entre despacho e adjudicação". Isto porque o autarca diz ter feito "apenas uma adjudicação e não duas", como a inspectora tinha afirmado. Quanto ao tom usado, o major negou categoricamente qualquer agressividade.
Esta sessão foi ainda marcada, à semelhança do que tinha sucedido no dia anterior, por falhas de memória e contradições por parte de Leonor Brites, responsável por centenas de escutas e transcrições no âmbito do "Apito Dourado", e de mais dois inspectores da Judiciária.