Inspecção económica faz razia na 'Noite Lisboeta'

Dezoito brigadas da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica desencadearam na madrugada de ontem uma operação simultânea em 33 discotecas e 'boîtes' da capital: 76% dos estabelecimentos inspeccionados encontravam-se em situação ilegal. Muitos dos bares ficaram de fora, mas os fiscais prometem fazer mais visitas-surpresa ainda este ano.
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Dezenas de discotecas e boîtes de Lisboa receberam, durante a madrugada de ontem, a visita de 70 fiscais da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE): 33 estabelecimentos nocturnos foram inspeccionados e 76% destes locais encontravam-se em situação ilegal. Deficientes condições sanitárias e de higiene, ausência de autocontrolo dos géneros alimentícios, congelação e rotulagem incorrectas ou falta de formação foram algumas das principais infracções registadas durante a operação denominada "Noite Lisboeta".


A falta de higiene levou os inspectores a decretar de imediato o encerramento da cozinha da Night and Day, na Avenida Duque de Loulé. Várias normas transgredidas não deixaram aos proprietários da boîte outra alternativa senão deitar tudo abaixo e construir novas instalações de raiz. A ASAE não estipulou um prazo para a realização das obras, mas só após esse procedimento e nova inspecção será possível levantar a interdição ao espaço. O estabelecimento, contudo, poderá continuar aberto ao público, desde que a cozinha se mantenha fechada.


Coordenação entre brigadas


A coordenação entre as 18 brigadas da ASAE foi a chave para o sucesso da operação "Noite Lisboeta": pelas 22.00 de sexta-feira, 70 fiscais entraram nas várias boîtes espalhadas pela cidade.


A fiscalização foi desencadeada em simultâneo para que não houvesse qualquer hipótese de fuga de informação. A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica não divulgou a lista dos estabelecimentos, mas o DN apurou que, entre as visadas encontravam-se o Elefante Branco, na Rua Luciano Cordeiro, a Passerelle, da Rua Passos Manuel e do Campo Pequeno, e a Sampayo, da Rua Rodrigues Sampaio.


A intervenção da ASAE não se limitou às boîtes da capital. às zero horas de ontem, os fiscais iniciaram a segunda fase da operação. E, desta vez, os alvos foram as discotecas de Lisboa. Kremlin, Plateau e Kapital foram apenas três dos estabelecimentos de diversão nocturna que tiveram visitas indesejadas durante a madrugada de ontem.


74 autos em quatro horas


As inspecções levadas a cabo em 33 boîtes e discotecas resultaram em 25 processos de contra-ordenação que deram origem a 74 autos. "A taxa de incumprimento verificada foi de 76%", explicou fonte da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, esclarecendo que, na "esmagadora maioria" dos espaços foi instaurado pelo menos um processo.


A fiscalização das 18 brigadas terminou às três da madrugada, mas a ASAE garante que esta não será a última operação direccionada para bares, discotecas e boîtes da capital. "Há muitos estabelecimentos de diversão nocturna, em Lisboa, que ficaram de fora desta iniciativa, mas vão certamente receber uma visita nossa ainda este ano", assegurou o responsável do organismo.


Processos de investigação, denúncias anónimas, queixas de residentes ou de consumidores estão na base da lista de locais que a ASAE selecciona para serem alvo de inspecções surpresa. "Os espaços que concentram um grande número de clientes merecem também a nossa particular atenção porque há um maior grau de risco envolvido", explicou a mesma fonte, acrescentando que a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica tem "centenas de operações" desta natureza planeadas para todo o País.

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