Inspeção da Saúde arquiva processo contra Filipe Froes por alegado conflito de interesses

A IGAS determinou o arquivamento do processo aberto há dois anos ao pneumologista, Filipe Froes, por não haver índicos de incompatibilidade na relação que este desenvolvia com a indústria farmacêutica, participação em palestras e conferências, e as suas atividades como médico do SNS e comentador nos órgãos de comunicação social sobre a evolução da pandemia.
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A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) instaurou em julho de 2021 um processo de inquérito ao pneumologista, Filipe Froes, também diretor do Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital Pulido Valente e ex-coordenador do Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos, para averiguar uma possível incompatibilidade entre as suas funções e a sua relação com a indústria farmacêutica, já que era também um dos principais comentadores nos órgãos de comunicação social sobre a evolução da pandemia e sobre vacinas.

O processo de inquérito da IGAS surgiu após uma notícia veiculada pelo jornal Expresso, a 27 de agosto desse mesmo ano, onde se referia que o pneumologista teria recebido 385 mil euros da indústria farmacêutica, de empresas como a Pfizer e a AstraZeneca, que lançaram vacinas contra a covid-19, desde 2013, por prestação de serviços em palestras, conferências e financiamentos de estudos e investigações propostos pelo próprio.

Dois anos depois, a inspeção-geral "determinou o arquivamento dos autos, por não haver indícios de infração disciplinar imputável ao visado". Logo na altura, o médico veio explicar publicamente que a sua colaboração com a indústria farmacêutica estava registada no Portal da Transparência do INFARMED e que o seu regime de trabalho como médico do SNS, em dedicação exclusiva, e a sua participação com outras entidades, como FCT e EMA, eram tudo atividades legais.

Ao DN, o médico disse ontem ter ficado "muito satisfeito" com a decisão final da IGAS, porque "foi dado um passo muito significativo na inexistência de qualquer dúvida sobre a fundamentação e a isenção científica das minhas intervenções na comunicação social, bem como da intervenção de todas as outras pessoas que, igualmente, defenderam a ciência. Mas o mais importante, na minha perspetiva, é o reconhecimento do valor da ciência e do conhecimento científico no combate à pandemia e na mitigação das suas consequências tão nefastas, que só em Portugal foi responsável pelo falecimento de cerca de 27 mil pessoas".

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