Inovar e adaptar: estratégias sindicais para o século XXI

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A crise financeira que levou à intervenção da troika em Portugal veio acelerar a redefinição do setor bancário com implicações dramáticas em termos de operadores no mercado, bem como as suas estruturas acionistas, aliás num processo ainda em curso. No espaço de poucos anos, diversas instituições bancárias desapareceram do mercado, ao mesmo tempo que se alteraram os equilíbrios de poder entre as restantes.

Este período acabou por ser um desafio para os acionistas e respetivas administrações dos bancos, mas constituiu também uma oportunidade para provocar desequilíbrios a favor do capital em detrimento do trabalho que, noutras circunstâncias, não teriam tido aceitação política e social. Na prática, o rescaldo da crise financeira tem sido um período complicado para a banca, para os bancários e para os respetivos sindicatos, numa luta desigual por definição.

Ora, os novos tempos impõem que se recalibrem as abordagens tradicionais de luta sindical. A greve, como não poderia deixar de ser, é um instrumento de luta perfeitamente legítimo, mas apenas tem sentido enquanto último recurso. No dia-a-dia, a luta sindical exige cada vez mais estratégias que englobem a presença na comunicação social e nas redes sociais. Concorde-se ou não com a sua primazia, a comunicação é hoje em dia condição sine qua non para uma atividade sindical profícua.

A presença dos sindicatos nas estruturas acionistas dos bancos, com o número de ações que lhes permita a possibilidade de estar presente das assembleias gerais, é outro instrumento cada vez mais relevante. A simples possibilidade de estar presente e de se fazer ouvir nas assembleias gerais pode contribuir para salvaguardar os interesses dos bancários.

As estratégias sindicais no século XXI devem passar igualmente pela oferta de formação junto dos associados, pela investigação e desenvolvimento, e pelo próprio contributo para a gestão e formulação do plano de negócio dos bancos. Os bancários, mais do que ninguém, estão interessados no êxito das suas instituições de crédito e numa relação de cooperação entre o capital e o trabalho. Assim saibam as estruturas acionistas e respetivas administrações tirar partido disso, em vez de continuarem a agarrar-se a velhos modelos de negócio e de gestão.

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