Inovação como forma de diminuir impacto ambiental dos plásticos

Esta é uma das estratégias do sector para contribuir para os objetivos globais da sustentabilidade e da neutralidade carbónica. No Plastics Summit Global Event, os empresários reforçaram o compromisso de aumentar a circularidade dos produtos
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Desde 1950, foram produzidas cerca de 9 mil milhões de toneladas de plástico no mundo a um ritmo que não para de aumentar. De acordo com a OCDE, a produção anual passou de 234 milhões de toneladas em 2000 para 460 milhões de toneladas em 2019. "De todas as embalagens produzidas, apenas 10% são recicladas", destacou João Galamba durante o Plastics Summit Global Event, que se realizou esta segunda-feira em Lisboa. O evento, organizado pela Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP), juntou mais de 1000 pessoas ligadas ao sector e às questões ambientais para debater o aumento da sustentabilidade em toda a cadeia de valor.

Apesar de considerar que "o plástico é fantástico" pelas suas características de durabilidade e pelas utilizações em áreas como a segurança alimentar, o secretário de Estado da Energia reconhece, porém, a importância de aumentar a sua reutilização para preservar o planeta. E acredita que o Estado pode ter um papel central neste caminho através da aplicação de "critérios ecológicos em concursos públicos" que promovam a economia circular. "As entidades públicas são grandes compradores na União Europeia. Ao usarem esse poder de compra para fazer opções sustentáveis estão a contribuir para a mudança", acredita.

Por outro lado, a "prevenção dos resíduos começa na conceção" dos produtos à base de plástico, pelo que o ecodesign deve ser incentivado e fazer parte das preocupações da indústria. "Em 2020, os requisitos de ecodesign pouparam 120 milhões de euros aos consumidores", diz, afirmando que até ao final desta década o design ecológico pode levar "a poupanças de energia primária significativas".

Um dos pontos altos da cimeira internacional promovida pela APIP foi a publicação da declaração de compromisso do sector, "um documento que pode ser útil para os decisores políticos" na criação de regulação sobre os plásticos. "Tivemos mais de 80 pessoas envolvidas na criação deste documento, que será disponibilizado publicamente para que todos possam ver e contribuir", acrescentou Marta Moreira Marques. A cientista comportamental da NOVA Medical School diz que "todos os stakeholders devem ser ouvidos" na definição de legislação, que deve ser desenhada com base em "informação científica e sistemática" para maior transparência.

As medidas políticas que daí resultem devem, depois, ser monitorizadas para "garantir eficácia" e que devem ser criados métodos padronizados para a avaliação "de impactos ambientais" deste material. A declaração resultou da reflexão de mais de 80 pessoas, entre oradores no evento, a sua comissão organizadora e uma comissão de especialistas. "Quisemos apresentar uma visão global para a ação", reforçou.

O impacto do plástico no ambiente é pesado quando não é descartado de forma adequada, terminando frequentemente em aterros e nos oceanos. Além de reduzir o seu consumo, é urgente que, quando é produzido, possa depois ser reciclado e reaproveitado, defendem os especialistas. "Temos de otimizar o nosso sistema de gestão de resíduos e também temos de inovar", afirmou Sílvia Machado. A consultora de ambiente na CIP - Confederação Empresarial de Portugal considera que "é essencial trazer a ciência e a indústria para a mesma mesa" porque "não chega ter uma boa ideia [para a reutilização do plástico], temos de garantir que é viável".

Pedro Pablo Diaz Herrera, ex-vice-presidente da Coca-Cola na América Latina, diz que "o diagnóstico já está feito" e que agora é o momento de agir para resolver o problema dos resíduos. Para isso, porém, "é preciso agir em conjunto" e encontrar soluções. Exemplifica com uma decisão tomada pela multinacional de refrigerantes, que decidiu, numa das suas marcas, trocar as embalagens de plástico verdes por outras transparentes. "Mudámos porque era muito mais difícil de reciclar [embalagens coloridas", aponta.

O presidente da APIP, Amaro Reis, considera fundamental "garantir o futuro das novas gerações" e garante que o sector é "uma indústria resiliente" e comprometida com a mudança para cumprir a sua parte no desafio global da transição climática. "Devemos estar preparados e à altura do desafio", reforça.

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