INGLESES TRAMAM LUÍS FABIANO
No início da semana, o avançado Luís Fabiano, do Sevilha, voltou a afirmar que tinha recebido uma proposta de transferência para o Manchester City durante o período de abertura do mercado em Janeiro. "Poderia ter saído", disse o brasileiro, que em 2004/05 passou pelo FC Porto. "Mas preferi ficar [em Sevilha]. As condições oferecidas pelo Manchester City não foram do meu agrado". Nos corredores do estádio City of Manchester, porém, a versão sussurrada aos jornalistas é bem diferente. O clube de Manchester equacionou, de facto, contratar o internacional brasileiro e chegou a apresentar uma proposta próxima dos 12 milhões de euros. Mas quando descobriram que o Sevilha detinha apenas 35% do passe do jogador, os representantes do City encerraram de imediato as negociações. A maior parte (65%) dos "direitos económicos" sobre o jogador pertence, de facto, ao misterioso fundo Global Soccer Investments (GSI). Nos países ibero-americanos, ninguém questiona estes esquemas de propriedade repartida de direitos sobre jogadores. Na Inglaterra, no entanto, as autoridades do futebol torcem o nariz. As regras da liga inglesa, aliás, são claras: de acordo com a alínea U18 do regulamento da Premier League, os clubes não podem contratar jogadores cujo passe pertence total ou parcialmente a entidades terceiras sem ligação ao clube vendedor. Foi esta alínea que provocou o enorme alvoroço do final da época passada, quando a liga descobriu que os directores do West Ham tinham ocultado o facto dos passes dos jogadores Javier Mascherano e Carlos Tévez pertencerem a fundos offshore. O clube recebeu uma multa de milhões e por pouco não foi atirado para a divisão secundária. Foram estes mesmos problemas que inviabilizaram a concretização da transferência de Manuel Fernandes para o Everton no Verão passado. O passe do internacional português pertencia em partes iguais ao Benfica e ao fundo Global Soccer Agencies. "Chegámos a ter um acordo com 'Manny' [Manuel Fernandes], mas não se concretizou por causa dos 'terceiros'. Não gosto dessas situações. Os jogadores devem pertencer a clubes, ponto final", explicou o treinador do Everton, David Moyes, numa entrevista ao Daily Post em Janeiro. No mês passado, durante uma reunião da Premier League, os representantes dos 20 clubes voltaram a afirmar o respeito por aquele princípio, apesar de - como se viu agora com Luís Fabiano - ele poder prejudicar o acesso dos clubes ingleses a alguns dos melhores jogadores do mercado ibérico e sul-americano. O avançado do Sevilha é o actual melhor marcador da liga espanhola, com 17 golos em 17 jogos. Em 2004, o São Paulo vendeu o jogador ao FC Porto/GSI por 7,5 milhões (o clube português adquiriu apenas 25% do passe). No Verão seguinte, ele foi transferido para o Sevilha (o clube espanhol comprou 35% do passe por 3,5 milhões). Nos termos do acordo Sevilha/GSI, o clube não poderá opor-se a uma venda no caso de proposta igual ou superior a 11 milhões (o Sevilha tem direito de opção na compra da totalidade do passe, sob certas condições). O GSI está naturalmente interessado em transaccionar o jogador, de forma a realizar importantes mais-valias. No Verão de 2007, o Shakhtar Donetsk estava disposto a pagar 11 milhões, mas Fabiano recusou-se a assinar pelo clube ucraniano. Com o Manchester City, agora, o problema foi outro. |