Ingleses e espanhóis são cerca de terço dos turistas em maio
O início de maio marcou o avanço para uma nova fase do desconfinamento da sociedade portuguesa. E para o turismo, os primeiros ventos pareciam soprar de feição. Maio contou com duas questões relevantes: abertura da fronteira terrestre com Espanha e a entrada de Portugal para a lista verde do Reino Unido, o que permitiu que ingleses que fizessem férias em território nacional não tivessem de fazer quarentena no regresso a casa. Permitiu também que a final da Liga dos Campeões fosse em Portugal e, disputada por dois clubes ingleses, trouxesse muitos adeptos. Por isso, os dados estatísticos mostram que os turistas espanhóis e ingleses representaram mais de um terço das dormidas de não residentes nas unidades de alojamento para turistas em Portugal.
Mas vamos por partes. As unidades de alojamento para turistas (hotelaria, alojamento local com mais de dez camas e turismo rural) acolheram em maio pouco mais de 989 mil hóspedes, dos quais mais de 707 mil eram residentes em Portugal, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Face ao mesmo mês do ano passado, são crescimentos significativos, uma vez que, naquela altura, a atividade estava praticamente parada devido à pandemia. Contudo, face a 2019, as dormidas de não residentes caíram quase 69% e as dormidas de residentes resvalaram 22%.
Neste mês, foram registadas pouco mais de dois milhões de dormidas e, naturalmente, 1,2 milhões foram concretizadas por residentes. Assim, os 281 mil hóspedes não residentes que viajaram para Portugal, foram responsáveis por pouco mais de 800 mil dormidas.
Com Portugal a poder receber turistas espanhóis que quisessem atravessar a fronteira, registaram-se 60,7 mil hóspedes espanhóis, que realizaram mais de 114 mil dormidas. Espanha é um mercado de proximidade. Nos períodos que se seguem às crises, tipicamente, o comportamento dos consumidores é dirigir-se para destinos próximos. As viagens entre os dois destinos, que já aconteciam com regularidade antes da pandemia, continuaram assim a registar-se assim que foi possível.
Pouco depois da abertura das fronteiras com Espanha, a 7 de maio, Londres anunciou que Portugal estava na lista verde. Os efeitos da notícia foram rapidamente sentidos: as companhias aéreas reportaram que as reservas dispararam e a procura por alojamento também. A somar a isto foi anunciado que a final da Liga dos Campeões iria se disputar no Porto, o que também contribuiu para a vinda destes turistas.
Contas feitas, e de acordo com os números do gabinete de estatística, registaram-se nas unidades de alojamento turístico 59, 8 mil hóspedes residentes no Reino Unido, tendo sido responsáveis por 199,9 mil dormidas. Desde o início da pandemia, maio de 2021 foi o terceiro mês com o maior número de dormidas de britânicos; os meses de agosto e setembro do ano passado contaram com um número superior de dormidas, tendo beneficiado da abertura do corredor aéreo entre os dois países.
A espécie de validação que a inclusão de Portugal na lista verde teve poderá ajudar a explicar a vinda de mais de 28 mil hóspedes franceses (que realizaram mais de 72 mil dormidas) e de mais de 26 mil germânicos (com mais de 86 mil dormidas) em maio.
Os turistas ingleses e alemães tipicamente escolhem o Algarve e a Madeira como destino. Em maio, o Algarve contou mais de 167 mil hóspedes, sendo que dormidas de não residentes foram quase 280 mil. A Madeira acolheu perto de 45 mil hóspedes e contou com quase 113 mil dormidas de não residentes. O Norte, que acolheu a final da competição desportiva, contou com quase 248 mil hóspedes e mais de 406 mil dormidas, das quais 287 mil foram de não residentes.
Em maio deste ano, os proveitos totais registados nos estabelecimentos de alojamento turístico alcançaram os 126,8 milhões de euros. Os proveitos de aposento cifraram-se nos 91,7 milhões de euros. "Comparando com maio de 2019, os proveitos totais diminuíram 68,9% e os relativos a aposento decresceram 69,7%", adianta ainda o INE.
2,2 milhões em cinco meses
Nos primeiros cinco meses do ano, o número de hóspedes foi muito inferior ao mesmo período de 2020. As unidades de alojamento acolheram 2,2 milhões de pessoas, o que reflete uma queda de 42,3% face ao período homólogo de 2020. Destes cerca de 2,2 milhões de hóspedes, mais de 1,7 milhões tinham residência em Portugal.