Infeções hospitalares estão a aumentar

As infeções hospitalares estão a aumentar, atingindo um em cada 10 doentes, uma situação difícil de controlar porque os microorganismos são atualmente mais resistentes e os pacientes sobrevivem mais tempo, segundo o infeciologista Fernando Maltez.
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"Ainda há muita infeção hospitalar", disse Fernando Maltez, que falava à agência Lusa a propósito das VIII Jornadas de Atualização em Doenças Infeciosas do Hospital Curry Cabral, que decorrem na quinta e sexta-feira na Culturgest, em Lisboa.

O Relatório da Primavera 2011 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) refere que a taxa de prevalência nacional de Infecção Associada aos Cuidados de Saúde (IACS), subiu de 8,7 por cento em 2003 para 9,8% em 2009.

Fernando Maltez explicou à agência Lusa que estas infeções tornaram-se mais prevalentes "à medida que os progressos tecnológicos prolongaram a sobrevida dos doentes e a sua estada nos hospitais e à medida que melhoraram os meios de diagnóstico e intervenção".

"Os microorganismos tornaram-se mais complexos, modificaram-se, tornaram-se perpétuos nalguns doentes e isso favorece a ocorrência das infeções nosocomiais".

O médico admitiu que o combate às infeções "é uma luta difícil porque os microorganismos vão sempre arranjando processo de fugir aos meios que existem para os debelar".

"Ganham resistências e passam de doente para doente e é sempre uma situação difícil de controlar", acrescentou.

Um estudo realizado em 28 países europeus, divulgado em setembro pela Direcção-Geral da Saúde, detetou uma taxa de 11 por cento de infeções em doentes internados em hospitais portugueses, muita acima da média total, que se ficou pelos 2,6 por cento.

Realizado em 2010 em oito unidades de cuidados continuados de saúde portugueses onde se encontravam internados 245 doentes (20% com mais de 85 anos), o estudo indica que 8,6% dos pacientes com infeções já estavam a ser medicados.

A nível europeu, a taxa média de doentes já sujeitos a tratamento para as infeções foi de cinco por cento.

No caso português, a maioria das infeções detetadas ocorriam no aparelho urinário, embora também tivessem sido registados casos ao nível respiratório e na pele.

O relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde sublinha que "continua a não existir uma análise adequada sobre a qualidade e segurança dos cuidados de saúde" e defende que a monitorização dos resultados dos cuidados de saúde, dos processos clínicos, do erro clínico e da segurança nos serviços de saúde, bem como a segurança no local de trabalho, têm de ser alvo de maior atenção.

Os dados disponíveis sobre as infeções provocadas por agentes resistentes demonstram que 30% a 40% são resultado da colonização e infeção cruzada, tendo como veículo principal as mãos dos profissionais de saúde, 20% a 25% podem ser resultado da terapêutica antibiótica sucessiva e prolongada, 20% a 25% podem resultar do contacto com microrganismos adquiridos na comunidade e 20% têm origem desconhecida.

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