Indústria perdeu peso no concelho
A metalúrgica Argibay foi outra das empresas a fechar no concelho de Vila Franca de Xira nos anos 90 do século passado, uma entre muitas que faliram, mais de dez boas empresas. Foi a indústria que contribuiu para o crescimento demográfico do concelho, que triplicou nas duas últimas décadas do século passado comparativamente aos anos 60. A indústria foi perdendo peso, aumentaram os serviços e comércio, reconheceram os autarcas locais. Mas essa fase passou, garante o presidente socialista Alfredo Mesquita.
"O setor industrial já teve um peso significativo e, desde 2012, que temos vindo a assistir a alguma recuperação. O setor representa neste momento 45% do volume de negócios no concelho; 24 % dos empregados no município e 7,5% do número total de empresas. Há um conjunto de grandes empresas e muitas delas com atividade na exportação, o que quer dizer que também contribuímos para a economia do país", argumenta Alfredo Mesquita.
Uma recuperação que ainda não está a ser sentida pelos trabalhadores, sobretudo depois de muitos anos de falências, contrapõem os dirigentes sindicais. "Esperamos que as coisas melhorem, acreditamos sempre que melhorem e, é por isso, que lutamos, mas não é isso que vimos", sublinha a sindicalista Rosa Saúde, ex-dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa, mais tarde integrado no SITE, na delegação de Vila Franca de Xira:
"Muitas empresas fecharam no concelho, os processos arrastaram-se no tribunal e os postos de trabalho que se perderam, na sua generalidade, foram substituídos por trabalhos precários. As empresas quase não têm pessoal, criaram as empresas fornecedoras de mão de obra. E muitas das pessoas tiveram que ir trabalhar para Lisboa", descreve Rosa Araújo.
Os 159 trabalhadores da Argibay estiveram também muitos anos há espera de serem compensados, 19 anos no total . Trabalharam mais um ano do que na Mevil, receberam os créditos em 2015. Mas esta não foi a única indústria a falir: ainda em 1995 foi a Metaltento - 42 trabalhadores e 17 para resolver; a MEC, onde trabalhou Rosa Saúde e também o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, mas aqui o processo foi rápido; a Opel e a DCP. Ainda estão por resolver os casos da Cimianto, TNC, Multiflow, Impormol, Pluricoop, Aviário Cardosas e Xira Alimentar.
O concelho, com características urbanas e rurais, deve à industrialização "gradual e progressiva repercussão demográfica", sublinha autarquia. Nos primeiros censos realizados em Portugal, em 1864, a população do concelho era de 13.622 pessoas, cem anos depois tinha triplicado, 40 594 habitantes em 1960. E praticamente triplicou nos últimos 50 anos, registando-se 140 614 residentes em 2011.
Alfredo Mesquita defende que se vive melhor em Vila Franca de Xira do que em outros concelhos do país, registando, por exemplo, a percentagem ligeiramente mais baixas de desempregarmos: "entre 10 e 11 %". Acrescenta outros dados: "Em 308 municípios, estamos no 18. º lugar em volume de negócios; em 19.º no número de empregados e em 16.º nas exportações".