Independentistas de Cabinda dizem que mataram sete militares angolanos

Os independentistas da Frente de Libertação do Estado de Cabinda reivindicaram hoje a autoria de ataques às Forças Armadas Angolanas (FAA), naquele enclave, que terão provocado a morte de sete militares de Angola.
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Num "comunicado de guerra" distribuído hoje, a Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) refere que os ataques ocorreram na última semana na área de Buco-Zau e permitiram ainda aos guerrilheiros apreender diverso armamento aos elementos das FAA.

Aquela organização afirma ter como prisioneiros, desde 15 de maio, quatro agentes da Polícia Nacional de Angola, ação que tem sido desmentida pelas autoridades angolanas.

Desde essa data, acrescentam os guerrilheiros, que o Governo angolano "aumentou a pressão em todas as aldeias de Cabinda".

"E, segundo os relatos das testemunhas locais, todo o aldeão é suspeito de falsamente pertencer a FLEC-FAC", lê-se no comunicado, em que a organização denuncia ainda a "brutalidade e a crueldade da repressão manifestada pelas FAA contra a população civil cabindense sem defesa".

A FLEC-FAC recorda que a 01 de fevereiro de 1885 foi assinado o Tratado de Simulambuco, que tornou aquele enclave num "protetorado português", o que está na base da luta pela independência do território.

O enclave de Cabinda, no 'onshore' e 'offshore', garante uma parte substancial da produção total de petróleo por Angola, atualmente superior a 1,6 milhões de barris por dia.

Só em maio a FLEC-FAC já reivindicou ataques às FAA em Cabinda com pelo menos 13 vítimas mortais entre os militares angolanos, além de três guerrilheiros.

A revindicação destes ataques sucede-se desde 2016, os quais têm sido desmentidos pelo Governo angolano.

Em abril, a FLEC-FAC reclamou a autoria de ataques, em Cabinda, que provocaram a morte a pelo menos 16 militares angolanos. Em fevereiro e março, reclamaram a autoria de confrontos que terão provocado a morte a mais quase quatro dezenas de militares angolanos.

Durante o ano de 2016, vários ataques do género provocaram, nas contas da FLEC-FAC, desmentidas pelo Governo angolano, mais de meia centena de mortes entre as operacionais das FAA.

O ministro do Interior de Angola afirmou em outubro que a situação em Cabinda é estável, negando as informações das FAC, que só entre agosto e setembro tinham reivindicado a morte de mais de 50 militares angolanos em ataques naquele enclave.

"Em Cabinda, o clima de segurança é estável, é uma província normal, apesar de algumas especulações e notícias infundadas sobre pseudo-ações militares que se têm realizado", disse o ministro Ângelo da Veiga Tavares.

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas também desmentiu em agosto, em Luanda, a ocorrência dos sucessivos ataques reivindicados pela FLEC-FAC, com dezenas de mortos entre os soldados angolanos na província de Cabinda.

Geraldo Sachipengo Nunda disse então que a situação em Cabinda é de completa tranquilidade, negando qualquer ação da FLEC-FAC, afirmando que aqueles guerrilheiros "estão a sonhar".

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