Independentista flamengo conquista Antuérpia
É "impossível pará-lo. A seguir será a Bélgica" e as eleições legislativas de 2014, escreve o diário de referência De Standaard, que coloca o líder dos independentistas flamengos, Bart De Wever, na primeira página.
"Um grande triunfo", proclama o tablóide flamengo Het Laatste Nieuws, que destaca o sucesso de Wever, que dirige a Nova Aliança Flamenga (N-VA), ao ganhar a primeira cidade da Flandres, Antuérpia, governada de forma quase ininterrupta pelos socialistas desde 1921 e em poder destes de forma consecutiva nos últimos 60 anos.
A N-VA conseguiu 37,7% dos votos contra 28,6% para os socialistas do presidente da Câmara cessante, o socialista Patrick Janssens.
Para o De Morgen, de centro-esquerda, a N-VA impôs-se no espaço político flamengo em poucos anos, neutralizando a influência dos restantes partidos desta comunidade belga.
"Mais um passo" para Wever, "e menos Bélgica", refere o francófono Le Soir, de Bruxelas. Para este quotidiano, "o triunfo da N-VA é extrema e potencialmente desestabilizante para o país", escreve-se no editorial. "Wever ganhou a segunda etapa da sua marcha para" uma solução confederal na Bélgica, "uma forma de separatismo em que insiste em dar-lhe um outro nome".
A N-VA "deixou de ser um acidente de percurso, uma brincadeira ou distração dos eleitores de Antuérpia (...). A N-VA é hoje o grande partido popular, que todas as outras formações políticas sempre sonharam ser", escreve La Libre Belgique.
Apesar do avanço da N-VA e da histórica derrota socialista em Antuérpia, o primeiro-ministro belga, o socialista Elio di Rupo, recusou uma leitura nacional das eleições autárquicas e afirmou que irá prosseguir no caminho das "reformas previstar, quer as institucionais quer as socio-económicas".
Rupo dirige desde dezembro de 2011 um Governo de coligação, formado após uma crise política de mais de ano e meio, em que participam seis partidos, três flamengos e três francófonos, abrangendo o espaço político da esquerda à direita, mas deixando de fora a N-VA, que foi o partido mais votado nas legislativas de 2010.