Incentivos para médicos são tardios e resolvem apenas casos pontuais
O bastonário dos Médicos, José Manuel Silva classificou como positivas as medidas de incentivo para médicos em regime de mobilidade parcial e o alargamento por mais três anos da contratação de clínicos aposentados, mas considera-as tardias.
O Ministério da Saúde alargou por mais três anos o período de contratação de médicos aposentados e aprovou medidas de incentivo para clínicos em regime de mobilidade parcial e para os que se fixem em zonas carenciadas do país.
"É positivo que se avance neste sentido para fixar os médicos no interior, não sabemos se será suficiente para evitar o fluxo emigratório que já se criou e do qual os médicos dão uma informação de retorno muito positiva. Não sabemos se será suficiente ou se será tardio para suster o fluxo emigratório", afirmou José Manuel Silva, ressalvando que as ajudas de custo que podem chegar aos 200 euros por dia só são aplicadas quando os médicos trabalham em mais de dois serviços que estejam a mais de 60 quilómetros de distância. Em relação ao diploma que diz respeito aos médicos reformados, considera-o igualmente positivo, já que "permite que o clínico acumule a reforma e, caso aceite voltar a trabalhar, seja minimamente recompensado", embora reconheça que o "estímulo possa ser baixo".
Já a presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Marta Temido, disse que as medidas de incentivo para médicos em regime de mobilidade parcial são bem-vindas, mas só resolvem casos pontuais. "Estas medidas são pontuais. Estão desinseridas de uma estratégia global para a força de trabalho em saúde em Portugal e, por isso, têm e terão sempre uma eficácia limitada", salientou.
A mesma responsável lembrou que os problemas de desequilíbrios na força de trabalho em saúde são "muito complexas num país que não tem tradição e não tem história de políticas e estratégias organizadas na área dos recursos humanos da saúde".
Sobre o diploma dos incentivos para levar médicos para as zonas carenciadas, Marta Temido afirmou que "não é só o dinheiro que move os recursos humanos em determinadas regiões do país". "Muitas pessoas não vão devido à falta de perspetivas de enriquecimento profissional. É isso que inibe as pessoas", vincou.