Autarca de Pombal: "Já tivemos pessoas feridas, pessoas queimadas"
Além de ter de evacuar algumas aldeias e de registar que várias habitações arderam, o presidente da Câmara Municipal de Pombal, Pedro Pimpão dos Santos, fala de feridos devido aos incêndios que estão a fustigar esta zona do centro do país. "Também tivemos pessoas feridas, pessoas queimadas", disse o autarca em declarações, esta noite, à SIC Notícias. Algumas pessoas foram transportadas para o hospital, referiu.
Embora ainda não haja um levantamento dos feridos, o autarca admite: "Infelizmente o pior está a ocorrer aqui em Pombal".
"Vivemos momentos de aflição, mas esses momentos ainda não passaram, infelizmente. Existem várias frentes de combate. Ainda nos preocupam algumas povoações", referiu Pedro Pimpão dos Santos, sublinhando que "a preocupação principal é salvar vidas, ajudar as pessoas". "Têm sido momentos muito exigentes", reconheceu.
O autarca contou que foi necessário "evacuar algumas aldeias" e que populações estiveram "completamente isoladas a precisarem de ajuda". Um lar de idosos teve mesmo de ser evacuado, contou.
"Tivemos situações em que várias habitações arderam, como anexos, barracões, algumas aviários, pecuárias. Agumas atividades económicas foram atingidas", acrescentou, dando conta de que foi montado em Pombal um centro de apoio logistivo, com disponibilidade de camas, apoio ao nível das refeições, bem como apoio psicológico.
Ao final da tarde, notou um reforço dos meios, com mais carros de combate e mais operacionais na frente de combate. "Apesar das temperaturas se manterem altas, a expectativa é que com a noite possamos dominar os incêndios, mas é ainda muito imprevisível porque ainda temos algumas frentes de combate amplas".
Anteriormente, Pedro Pimpão, já dizia à Lusa que a população do concelho estava a viver "momentos de aflição", com as chamas a ameaçarem pessoas e várias habitações.
"Estou no IC8 e já vi casas a serem destruídas pelas chamas. Não há bombeiros. Não é culpa deles, que são incansáveis, mas não há recursos humanos nem materiais. Já não há autotanques", afirmou Pedro Pimpão, que falava à Lusa a propósito de um incêndio que atinge desde sexta-feira o município e que hoje reacendeu com intensidade.
O autarca social-democrata sublinhou que a população está a viver "momentos de aflição" e que já foi necessário "evacuar casas e famílias em risco", assim como um lar em Ramalhais, na freguesia de Abiul.
Pedro Pimpão lamentou a falta de recursos para combater o incêndio: "Estamos a ajudar famílias e crianças que estão em risco de vida. É uma situação de desespero. Está totalmente descontrolada", acrescentou.
O presidente referiu ainda que na zona do IC8, em Pombal, onde se encontrava pelas 19:00, estava "tudo escuro" devido ao fumo, o que tornava a situação mais aflitiva.
O incêndio de Pombal deflagrou na sexta-feira, pelas 14:50, na freguesia de Abiul, e reacendeu hoje.
Segundo o sítio na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, pelas 19:12, estavam no terreno, 217 operacionais, apoiados por 58 veículos e um meio aéreo.
Também esta terça-feira o presidente da Câmara de Alvaiázere, João Guerreiro, afirmou que várias casas arderam e que diversas localidades tiveram de ser evacuadas devido aos incêndios que estão em curso neste concelho do distrito de Leiria.
"Algumas habitações arderam e diversas localidades foram evacuadas", disse à Lusa João Guerreiro, salientando o facto de não haver registo de feridos.
Segundo o autarca, que falava à Lusa pelas 19:25, a situação no concelho "está muito complicada", devido às reativações do incêndio que iniciou na quinta-feira, no concelho de Ourém, distrito de Santarém, que ocorreram "com muita, muita força".
"Como há outros incêndios na região, não nos são disponibilizados mais meios", lamentou o presidente da Câmara de Alvaiázere, referindo existirem no concelho dois fogos, em Pelmá e Almoster.
À população, João Guerreiro assegurou que está a ser feito tudo o que está ao alcance e pediu que "tomem as precauções para não haver mais incêndios e para estarem em segurança".
Este incêndio de Alvaiázere começou na quinta-feira à tarde na União de Freguesias da Freixianda, Ribeira do Fárrio e Formigais e alastrou, também, a Ferreira do Zêzere (Santarém).
Na segunda-feira, pelas 08:00, este incêndio foi declarado em resolução e reacendeu hoje.
De acordo com o sítio na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, às 19:50 estavam no terreno 415 operacionais, apoiados 124 viaturas e três meios aéreos.
Já a Câmara de Leiria pediu esta terça-feira à população entre as localidades de Figueiras e Mata dos Milagres para se deslocar para o pavilhão dos Pousos ou para o Estádio Municipal, na sequência do incêndio que atinge a freguesia dos Milagres.
"Toda a população entre Figueiras e Mata dos Milagres deve sair das suas habitações e dirigir-se para o Pavilhão dos Pousos ou Estádio Municipal, porta 7", refere uma informação enviada à agência Lusa, que pede ainda para que as pessoas sigam "escrupulosamente as indicações das autoridades".
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À Lusa, pelas 16:30, o presidente da Junta dos Milagres, Mário Gomes, afirmou que a situação na freguesia está "um bocado complicada", assinalando que não há casas ardidas, mas "há muita coisa destruída pelo fogo".
Mário Gomes esclareceu que a Mata dos Milagres é uma das maiores localidades da freguesia, sendo que "a probabilidade de o fogo lá chegar é grande".
Segundo o sítio na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, o incêndio na freguesia da Caranguejeira, que alastrou a outras, deflagrou às 12:06 e pelas 16:50 estavam no local 234 operacionais apoiados por 68 viaturas e dois meios aéreos.
Fonte da Câmara de Leiria disse à Lusa que foram retiradas pessoas de casas e de empresas na zona de incidência do incêndio.
Em Regueira de Pontes, lavra outro incêndio, que começou às 13:53, estando a ser combatido por 89 operacionais com 29 viaturas, segundo a mesma fonte.
Os incêndios no concelho de Leiria motivaram o corte ao trânsito na A1 e no Itinerário Complementar 2 (IC2)
Hoje, o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, afirmou que o concelho está a viver uma "tarde muito difícil", com o deflagrar de vários incêndios, pediu à população para ter calma e expressou um "forte agradecimento" aos bombeiros.
"Estamos a viver um início de tarde muito difícil no concelho de Leiria com o deflagrar de vários incêndios, nomeadamente na Caranguejeira, onde lavra com grande intensidade, e temos também incêndios em Regueira de Pontes, Milagres e Boa Vista", referiu o autarca, numa mensagem publicada na página do Município na rede social Facebook.
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Gonçalo Lopes garantiu o acompanhamento da situação e a mobilização de "todos os meios para combater as chamas e proteger" a população.
Na mesma mensagem, Gonçalo Lopes apelou à população para que "mantenha a calma, mas vigilante, e que evite todos os comportamentos de risco, em especial nas freguesias do norte do concelho onde se verificam as situações de maior complexidade".
O fogo, que deflagrou pelas 12:06, na freguesia da Caranguejeira, estendeu-se à freguesia da Boa Vista e obrigou ao corte da A1, entre Pombal e Leiria, e Fátima e Leiria.
Também o IC2 está cortado, entre as localidades do Barracão e Boa Vista, em Leiria.
Segundo o capitão da GNR Rui Costa, a alternativa é o itinerário complementar 2 (IC2) a norte de Leiria e a Estrada Nacional 113, para sul.
Já os incêndios nos concelhos de Ansião e Alvaiázere, no distrito de Leiria, obrigaram hoje ao corte do Itinerário Complementar 8 (IC8), entre Pombal e Ansião, disse à Lusa fonte da GNR.
Segundo o capitão da GNR Rui Costa, a circulação automóvel está interrompida em Ramalhais, no concelho de Pombal, até Ansião, em ambos os sentidos.
Além do IC8, também o IC2 e a A1 estão cortadas.
Este responsável acrescentou que não há previsão para a reabertura ao trânsito da A1, encerrada entre Pombal e Fátima, nos dois sentidos, e do IC2, estrada que foi cortada em Leiria.
O incêndio em Ansião iniciou-se em Pombal na sexta-feira, pelas 14:50, e reacendeu hoje. Às 17:27 estavam no terreno 220 operacionais, apoiados por 63 veículos e um meio aéreo.
O fogo em Alvaiázere resulta de um incêndio no concelho de Ourém, no distrito de Santarém, que deflagrou na quinta-feira, pelas 16:37. No terreno estão 349 operacionais, apoiados por 103 veículos e um meio aéreo.
A empresa gestora da rede de distribuição de eletricidade E-REDES informou hoje que várias freguesias do concelho de Ourém, no distrito de Santarém, registam falhas de energia devido aos incêndios.
"Há situações de [falhas de energia] em várias freguesias. A freguesia de Caxarias e a União de Freguesias de Rio de Couros e Casal dos Bernardos são as mais afetadas", afirmou à Lusa fonte oficial da empresa.
A mesma fonte esclareceu que não há previsão de hora para reparar as linhas afetadas, o que sucederá assim que houver condições de segurança para as equipas operacionais poderem trabalhar.
Um fogo deflagrou às 12:07 hoje na Cumieira, freguesia de Espite. Seis horas depois, permaneciam no terreno 293 operacionais, apoiados por 81 viaturas e três meios aéreos, de acordo com o sítio na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
O presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, que se manifestou "muito preocupado", afirmou à Lusa que o fogo tem três frentes ativas.
"Arderam barracões", adiantou Luís Albuquerque, estimando em três dezenas as pessoas que foram retiradas de suas casas.
Por seu turno, a presidente da Junta de Freguesia de Espite, Dulce Mendes, declarou que também o lugar de Cumieira está sem eletricidade.
"Arderam quintais, pinhais, anexos de habitações", apontou, referindo que a maior preocupação são as pessoas, numa freguesia "com bastantes idosos e sem retaguarda familiar".
Dulce Mendes acrescentou que as pessoas retiradas de suas casas pela Junta de Freguesia foram encaminhadas para o Centro Social e Paroquial de São João Batista, na sede de freguesia.
Portugal esteve entre dia 8 e domingo em situação de alerta devido ao risco de incêndio rural, tendo passado para contingência na segunda-feira, uma situação que se vai manter até às 23:59 horas de sexta-feira, mas que poderá ser prolongada caso seja necessário.
A declaração da situação de contingência foi decidida devido às previsões meteorológicas para os próximos dias, que apontam para o agravamento do risco de incêndio, com temperaturas que podem ultrapassar os 45º em algumas partes do país, segundo disse, no sábado, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
A situação de contingência, que corresponde ao segundo nível de resposta previsto na Lei de Bases da Proteção Civil, é declarado quando, face à ocorrência ou iminência de acidente grave ou catástrofe, é reconhecida a necessidade de adotar medidas preventivas e ou medidas especiais de reação não mobilizáveis no âmbito municipal.
Devido à situação de risco, Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e a Comissão europeia mobilizou, no domingo, dois aviões espanhóis para combater os incêndios no território português.
Os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real, Bragança, Guarda, Castelo Branco e Portalegre estão desde as 09:00 de hoje sob aviso vermelho, o mais grave, devido ao tempo quente, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O aviso vermelho, emitido pelo IPMA, devido à persistência de valores extremamente elevados da temperatura máxima, vai estar em vigor até às 18:00 de quarta-feira, passando depois a laranja.
De acordo com o IPMA, o aviso vermelho corresponde a "uma situação meteorológica de risco extremo".
Face às previsões, quase todo o território de Portugal continental apresenta hoje um perigo máximo e muito elevado de incêndio rural.
Notícia atualizada às 23:12