Incêndios e confrontos levam a evacuação da Gare de Lyon em Paris

Na origem dos fogos, que atingiram viaturas, equipamentos e edifícios, estiveram protestos nas ruas a propósito de um concerto de um cantor congolês, que os manifestantes, imigrantes congoleses, acusam de apoiar o poder no país africano. Foram detidas 46 pessoas.
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Um incêndio de grandes proporções atingiu esta sexta-feira viaturas, edifícios e equipamento próximos da Gare de Lyon, uma das principais estações de comboio de Paris, França. O terminal foi evacuado por causa do fogo que entretanto foi dominado pelo bombeiros. Foram detidas 46 pessoas.

Inicialmente, houve vários incêndios declarados, esta sexta-feira à tarde, perto da Gare de Lyon, em Paris, à margem de um concerto de um cantor congolês Fally Ipupa agendado para esta sexta-feira à noite na Arena AccorHotels, anunciou a polícia. Houve grupos de pessoas que se manifestavam contra o espetáculo - acusando Fally de ser apoiante do governo no poder a RD Congo - quando se geraram vários focos de incêndio e confrontos.

A polícia criticou no Twitter o "comportamento escandaloso" dos manifestantes que tentaram impedir os bombeiros de chegar aos focos de incêndio.

Começaram por ser "incêndios ao ar livre", de acordo com os bombeiros, citados pelo Le Figaro .

"Abusos inaceitáveis ​​ocorrem no setor de Bercy, à margem de um espetáculo", escreveu no Twitter a polícia de Paris, adiantando que estava a intervir e que a evacuação da Gare de Lyon estava em curso. Pediu às pessoas para se afastarem da área.

A estação esteve fechada ao público, informou a empresa de comboios francesa.

A polícia tinha proibido qualquer manifestação em redor da Arena AccorHotels em Paris, não muito longe da estação, onde o artista congolês Fally Ipupa irá dar um concerto.

Os expatriados congoleses costumam manifestar-se contra artistas que se apresentam na França ou na Bélgica, acusando-os de estarem próximos do ex-presidente da RD Congo Joseph Kabila e do seu sucessor Felix Tshisekedi.

Um concerto de Ipupa em 2017 foi cancelado pela polícia, alegando riscos de "graves distúrbios na ordem pública".

O espetáculo desta noite estava já esgotado. Em França, à RFI, o cantor disse que não faz política, é um artista.

Polícia detém 46 pessoas

Na zona, apoiantes de Ipupa e elementos da oposição congolesa enfrentaram-se, trocando insultos. No total, houve 46 detenções efetuadas pela polícia, noticia a AFP.

"Com a sua música, eles (o governo congolês) estão a puxar um povo inteiro para o seu lado enquanto matam e violam mulheres e crianças", disse o opositor Willy Dendebe à AFP no local.

"Estou aqui (na França) há 30 anos por causa deles! Trinta anos e deixamos que eles estejam aqui na França como se nada tivesse acontecido. Sim, estamos com raiva!"

Lwangi Bienvenu, um fã que viajou da Bélgica para o concerto, observou o caos do seu hotel perto da Gare de Lyon. "É uma pena. Ele é congolês, todos devemos estar com ele", disse Bienvenu sobre o cantor. "Colocam as pessoas em perigo e agora certamente vão cancelar o espetáculo."

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