Imunização, uma das maiores histórias de sucesso em saúde pública
As vacinas ajudam a prevenir doenças infecciosas em todas as fases da vida e podem mesmo proteger a humanidade contra epidemias emergentes. Ajudam a criar e manter comunidades saudáveis e a desenvolver ambientes sociais e económicos mais seguros e sustentáveis.
A determinação e motivação das mais diversas personalidades e entidades, a nível mundial, em melhorar a saúde pública vem de há vários séculos. Estima-se que as primeiras formas de imunização remontem ao século XV mas foi em 1796 que foi feita a primeira inoculação para a varíola.
Desde então foram desenvolvidas novas formas de imunização para nos proteger de doenças potencialmente mortais e para fazer face a pandemias globais.
A pouco e pouco com a implementação da vacinação massiva e com a adoção de programas de vacinação cada vez mais robustos e equitativos, que vão da infância à idade adulta, fomos perdendo consciência do impacto que as doenças infecciosas podem ter sobre nós.
A recente pandemia, que quase parou literalmente o mundo, veio recordar-nos da importância e urgência de termos soluções para imunizar a população e de as usarmos.
Graças à investigação e à disponibilização de vacinas em tempo record, foi possível travar a doença e proteger a saúde pública para podermos retomar as nossas vidas. Por certo o seu impacto ficará nas nossas memórias por muito tempo mas a tecnologia das vacinas de mRNA veio para ficar, estando a ser investigadas novas formas de tratamento e aplicação em diversas áreas, como é o caso da oncologia.
Muitos são os que consideram a imunização não como um direito mas como uma opção individual. Eu acredito que devemos encará-la como um investimento económico sustentável. Porque, na realidade, também o é. Um investimento direto e indireto, porque ao investirmos em investigação, em bons programas de vacinação e literacia em saúde, também reduzimos o encargo económico e emocional associado a doenças preveníveis pela vacinação.
A verdade é que, atualmente, podemos garantir, devido à grande quantidade de vacinas que têm vindo a ser desenvolvidas para o combate de doenças infecciosas, que a esperança média de vida tem vindo a aumentar.
Neste sentido, não posso deixar de mencionar a importância da vacinação contra a gripe, área em que tenho trabalhado nos últimos anos, pois de acordo com os dados finais da época gripal 2022/2023 (Vacinómetro) 83,2% dos portugueses com 65 ou mais anos de idade terão sido vacinados. Estes dados revelam o bom trabalho feito pelas autoridades e pelos profissionais de saúde pois pelo quarto ano consecutivo Portugal atingiu e superou a meta definida pela Organização Mundial de Saúde (75%) para a cobertura vacinal das pessoas com mais de 65 anos de idade.
Os dados do relatório da última vaga do 2022/2023 revelam que, à semelhança do ano passado, Portugal ultrapassou a meta de 75% de taxa de vacinação contra a gripe proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo este estudo, cerca de 83,2% (margem de erro de ±3,2% para um IC de 95%) das pessoas com 65 ou mais anos de idade terá sido vacinada.
No entanto, continuam a existir necessidades não satisfeitas no campo da imunização nomeadamente na proteção de populações mais vulneráveis, como as crianças e os idosos.
Alguns exemplos poderão ser o desenvolvimento de novas tecnologias de imunização para o vírus sincicial respiratório para crianças e idosos, de formas de proteção mais amplas para a meningite, de vacinas de próxima geração contra a gripe e a febre amarela e das primeiras vacinas contra a clamídia e o acne.
Acredito que, no futuro, cada vez mais doenças poderão ser prevenidas porque os avanços da ciência alimentados por novos dados e tecnologias digitais continuarão com certeza a transformar a prática da medicina para milhões de pessoas.
Por agora, há que, de forma consciente e como ato de cidadania, continuarmos a prevenir, a proteger e a vacinar.
As vacinas são para a vida, porque todos temos direito à saúde e a planear um futuro melhor.
Helena Freitas, Diretora-Geral da Sanofi Portugal