Imagem de luxo leva azeite português ao Harrods

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Apostar na produção de azeite ou mel em Portugal não será certamente primar pela inovação e originalidade. Consciente de que é possível criar novos nichos de mercado, adicionando a bons produtos design e valores globais, João Maciel Filipe criou no ano passado a empresa Portugal Farm. A sofisticação na imagem, design e na própria produção, aliados ao apoio do ICEP, vão levar o azeite, queijos, licor e mel da marca Mafyl ao Harrods, o mercado mais dispendioso e com mais glamour de Londres, onde a marca vai ser apresentada de hoje a dia 18. O investimento inicial da Mafyl rondou os 250 mil euros, e para este ano espera-se o equilíbrio das contas.

"Pegar em valores globais e dar aos produtos um tratamento de marca" foram fórmulas que João Filipe encontrou para dar fôlego à aposta no mercado externo. "O azeite é o que dominamos melhor. Se pegarmos nesta indústria, a desenvolvermos com marketing e sem recurso a fórmulas típicas, podemos passar fronteiras", frisou o administrador da Portugal Farm.

Do total do investimento inicial, quase cem mil euros foram despendidos na promoção da marca e outro tanto foi canalizado para o investimento em novos produtos. A produção de azeite, queijo e mel, porém, é feita com recurso a parceiros estratégicos situados no Alentejo, e o licor de Singeberga é produzido especialmente por monges beneditinos.

Para a operação de apresentação dos produtos no Harrods, a empresa investiu perto de 15 mil euros. Uma "oportunidade", frisou o responsável. Depois do lançamento dos produtos, será feita uma avaliação para ver o potencial de alargamento à rede Harrods. A seguir espera-se uma reacção do mercado inglês.

internacionalização. Neste momento, a marca está presente em cerca de 45 pontos de venda em Lisboa e, de acordo com o administrador, em 95% das garrafeiras. Porto e Faro são um objectivo para o segundo semestre, porém, a internacionalização é o principal objectivo estratégico. Se o mercado nacional possui a maior fatia, a intenção é alcançar "um rácio de 60/40%, com predomínio para o mercado externo.

Em 2006, a Mafyl deverá conquistar o mercado espanhol e inglês, e até ao fim do ano a Portugal Farm pretende começar a exportar para o Brasil. O próximo ano promete novas apostas, desta vez englobando o mercado do Norte da Europa Polónia, Noruega, Dinamarca, Holanda e também França e Alemanha. "Estes são países que utilizam muito o azeite, e esta vai ser a nossa grande aposta para os próximos dois, três anos", adiantou João Maciel Filipe. Na sua opinião, só os italianos estão à frente dos portugueses na produção do azeite, um potencial que merece ser explorado. Para 2005, a Portugal Farm tenciona produzir 40 mil garrafas de azeite, mas daqui a cinco anos a empresa espera já estar a vender cerca de meio milhão de garrafas de azeite e 100 mil garrafas de licor.

novas apostas. Para o futuro, o empresário que abandonou a gestão de clientes na Galp Energia tem alguns projectos ambiciosos. "Queremos apostar nas azeitonas portuguesas. Falta-lhes o tratamento de produto e de marketing, porque possuem grande potencial. Neste momento já temos um pré -acordo com um fabricante, estamos apenas à espera de fechar o negócio." Às embalagens cuidadas em termos de design deverá juntar-se um produto renovado "Queremos rechear as azeitonas de arenque, salmão e outros aromas, porque mesmo os produtos importados não passam do tradicional", acrescentou.

A entrada em linhas de mobiliário e decoração em 2007 também está em análise e, apesar de a ideia não ter contornos definidos, a empresa pensa ainda apostar "numa linha de roupa muito característica portuguesa", disse João Maciel Filipe.

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