Ilka Stuhec pediu ajuda à mãe e roubou o palco a Lindsey Vonn

Eslovena, que virou às costas à federação e formou uma equipa familiar, ganhou título mundial de <em>downhill</em>. Vonn contentou-se com o bronze
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Quando, em 2007, Lindsey Vonn subiu pela primeira vez ao pódio em Campeonatos Mundiais de esqui alpino, Ilka Stuhec era ainda uma promissora adolescente com sonhos de grandeza. No entanto, a eslovena tardou em concretizá-los: abalada por sucessivas lesões nos joelhos, quase ficou sem o apoio da federação do seu país e teve de pedir ajuda à família (em particular, à mãe) para se recompor. Ontem, no dia em finalmente cumpriu as promessas da juventude, sagrando-se campeã mundial de downhill, roubou o palco à rainha norte-americana da modalidade.

Na verdade, graças à sua trajetória ascensional dos últimos meses, Ilka Stuhec, de 26 anos, já era apontada como a principal favorita à vitória na especialidade de downhill, nos Mundiais (que decorrem, até domingo, em Saint Moritz, na Suíça). Contudo, com Lindsey Vonn (rosto e estrela maior da modalidade) renascida após uma sucessão de lesões nos últimos anos, não faltava quem apostasse no seu regresso à ribalta, no palco mais desejado. A estado-unidense, de 32 anos, voltou mesmo ao pódio, mas teve de contentar-se com a medalha de bronze (a sua sétima em mundiais, incluindo mais uma de bronze, três de prata e duas de ouro).

"Nem consigo descrever [a emoção]. Estou orgulhosa de conservar a medalha de ouro em casa. Não somos um país enorme mas temos um montão de bons atletas", enfatizou, no final, a eslovena, que sucedeu à compatriota Tina Maze, campeã mundial de downhill em 2015. Para Stuhec, o triunfo - com o tempo de 1:32.85 minutos, 40 centésimos de avanço sobre a austríaca Stephanie Venier e 45 sobre Lindsey Vonn - foi o corolário de uma ascensão surpreendente, desde que começou a trabalhar com a mãe, no ano passado.

"Eu precisava de dar um enorme passo em frente e criar a minha própria equipa. Foi muito difícil no começo. Tivemos algum apoio da federação mas confesso que esperava mais", recordou Ilka Stuhec, que passou a contar com a ajuda da família - e, principalmente, da mãe - para resolver as questões técnicas do dia-a-dia. "É a minha mãe que me prepara os esquis. É a melhor a fazê-lo", justificou, quando lhe perguntaram o segredo para ter passado a ganhar, de forma repetida, etapas da Taça do Mundo (até 2016 nunca somara qualquer pódio).

Foi - como já se disse - o concretizar das promessas da juventude: a eslovena já se sagrara campeã mundial de slalom (2007), combinado (2007) e downhill (2008) no escalão de juniores. No entanto, nem ela esperava que, após aquela epifania - "tive uma estranha sensação, senti "está na hora"" -, a sociedade como a mãe rendeu-se estes resultados tão rapidamente. "É incrível onde chegámos desde então", sublinhou ontem.

De resto, apesar de ter perdido o ouro para o fenómeno esloveno, Lindsey Vonn estava igualmente feliz, por ter regressado ao pódio, dez anos após a primeira conquista (prata, em downhill e super-G, em 2007) e seis anos depois da última (prata, em downhill, em 2011). "Não me sentia preparada mas dei tudo o que tinha. Stuhec superou-me e, definitivamente, mereceu vencer. Este bronze soube-me a ouro", explicou, no final, a lenda norte-americana.

Aos 32 anos e 118 dias, Lindsey Vonn tornou-se a mais velha medalhada de sempre em mundiais (entre participantes femininas). "Estou velha e sinto-me orgulhosa", brincou a norte-americana, que quebrou o recorde de antiguidade da austríaca Anita Wachter (medalhada aos 31 anos e 364 dias, em 1999). Afinal, mesmo com Ilka Stuhec a roubar-lhe o palco, também voltou a inscrever o nome no livro dos recordes do esqui alpino.

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