'Ilha' do Bonjardim no Porto pronta em dois meses para acolher famílias

A 'ilha' do Bonjardim, localizada no 'coração' da cidade do Porto, vai estar concluída dentro de dois meses contando com nove habitações, cujas rendas dependerão do rendimento das famílias, indicou hoje o vereador da Habitação, Fernando Paulo.
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Em causa uma 'ilha' que estava desabitada e é propriedade da câmara, entidade que está a gastar cerca de 400 mil euros na renovação do espaço.

As 'ilhas' são habitações operárias típicas do Porto, lançadas no século XIX e constituídas por edifícios unifamiliares no centro da cidade, normalmente com um piso e separadas ou ladeadas por um corredor de acesso à via pública.

Em declarações aos jornalistas ao longo de uma visita às 'ilhas' do Porto - iniciativa promovida pela autarquia em jeito de antecipação do debate público "Arquipélago" sobre as 'ilhas' do Porto, que decorre quinta-feira no Teatro do Campo Alegre - Fernando Paulo avançou que a 'ilha' do Bonjardim terá nove casas: seis de tipologia T0, dois T1 e um T2 duplex.

As famílias que irão ocupar as habitações fazem parte das 1.000 identificadas pela câmara que estão a aguardar habitação social mediante candidatura já entregue e aprovada pelos serviços camarários, conforme explicou o vereador, acrescentando que a autarquia do Porto tem atualmente capacidade para atribuir em média uma casa por dia.

Estas informações foram transmitidas durante a visita que esta tarde levou autarcas, deputados municipais, técnicos da câmara e jornalistas a cinco 'ilhas' do Porto.

O objetivo era perceber as várias realidades numa cidade que tem 957 'ilhas', das quais apenas três são municipais, como é o caso da do Bonjardim.

Na quinta-feira a câmara do Porto promove um debate sobre as 'ilhas' do Porto, estando em discussão o problema da habitação.

"Vamos organizar dias 04 e 05 de julho um grande debate sobre as 'ilhas' do Porto. Iremos organizar isso em dois dias, um para visitas às 'ilhas' e perceber o tecido do que estamos a falar (...) e outro dia para convidar especialistas e republicar o livro que foi feito sobre o levantamento das 'ilhas' e que se esgotou", explicou a 19 de junho o presidente da câmara do Porto, Rui Moreira, durante a 18.ª reunião camarária.

Neste debate está prevista a participação da secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, governante que deverá apresentar o programa de apoio à habitação 1.º Direito, um diploma aprovado recentemente pelo Governo, mas que, disse Fernando Paulo, "carece ainda de clarificação e operacionalização".

"O que vamos fazer é apelar ao Governo para que explique um diploma que é muito denso e complexo e o operacionalize. A realidade das 'ilhas' do Porto é muito especifica. Vamos sensibilizar o Governo para que crie instrumentos financeiros e jurídicos que permitam à câmara ajudar os proprietários de 'ilhas' a renovarem os espaços, colocando-os no mercado de arrendamento acessível", descreveu o vereador.

Um dos casos visitado esta tarde foi o da 'ilha' do número 172 em S. Vítor, freguesia do Bonfim, uma 'ilha' privada que atualmente tem 12 casas, nas quais vivem duas famílias num total de três pessoas, mas no futuro deverá ter oito de acordo com um projeto apresentado pelo coordenador do programa Habitar Porto, Aitor Varea Oro.

O responsável contou que a proprietária da 'ilha' está disposta a renovar o espaço, mantendo os atuais inquilinos e atraindo novos para o centro do Porto.

A solução relativamente às rendas poderá ser mista, ou seja, nuns casos vigorará a renda apoiada (conforme o rendimento do agregado) e noutros a acessível (abaixo do valor de mercado atual).

Fernando Paulo garantiu que a população das 'ilhas' está a ser incluída na discussão destes temas e que "será sempre dada prioridade a quem mora nos espaços ou a quem já morou, precisa de casa e queira voltar".

"Os proprietários [de 'ilhas' que têm recorrido ao Gabinete Habitar Porto] mostram sensibilidade com as famílias que residem atualmente nos espaços e também com a necessidade de aumentar o bem-estar destas e de futuros inquilinos", descreveu Aitor Varea Oro.

Já o vereador da habitação reiterou que a câmara precisa de mais instrumentos para "ajudar os proprietários a avançar com obras que venham a ser mais-valias para o património da cidade e atenuem a carência de habitação", somando a garantia de que "já está a ser dado apoio nesse sentido no terreno".

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