Iggy Pop pela câmara de Jim Jarmusch

Iggy Pop é um ícone, mas ainda não havia um documentário dedicado à banda que liderou nos anos 1960/70, The Stooges.
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Muitos já se terão perguntado sobre a origem do look peculiar de Iggy Pop, sempre de tronco nu, quer aos 20 anos quer quase aos 70. A resposta surge em Gimme Danger, documentário de Jim Jarmusch sobre os The Stooges, que integrou a seleção oficial do último Festival de Cannes. Para não deixar o leitor preso à interrogação, revelamos essa curiosidade: a escolha do músico de subir aos palcos sem camisa teve inspiração nos filmes que via com esbeltos faraós do Egipto... Na parte do documentário em que o declara, Jarmusch ilustra a ideia com um excerto de Os Dez Mandamentos (1956), de DeMille, em que Ramsés é interpretado por Yull Brynner.

É com este sentido de pormenor que o cineasta americano trabalha a viagem focada na história da banda, que é muito a história do próprio Iggy Pop, algumas vezes aqui chamado pelo seu nome de nascimento, James Osterberg. Jarmusch, que o dirigiu em Homem Morto (1995) e Café e Cigarros (2003), não poderia ser mais talhado para realizar o tributo.

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De meados da década de 1960, quando Iggy integrou a primeira banda, The Iguanas - demasiado bem comportada para o seu espírito selvagem - aos atribulados anos 1970, que subestimaram os The Stooges, um grupo profundamente enraizado na identidade de Detroit, Jarmusch encaixa as peças desta narrativa pouco gloriosa, através de uma montagem criativa, assente em testemunhos.

Iggy, mas também os seus companheiros de armas, Scott Asheton, baterista, e o irmão Ron, guitarrista (ambos já falecidos), além do membro mais recente, James Williamson, contam-nos a aventura musical das suas vidas. Mas é sem dúvida pelo discurso animado do vocalista que a câmara de Jarmusch se fascina. Em alguns planos, Iggy é filmado numa cadeira estilo império, ao lado de uma caveira num pedestal. Esta é a pose do velho corsário que só em 2010 viu a sua banda introduzida no Rock and Roll Hall of Fame. Este é o homem que desejou fazer pela sua geração o que o Blues fazia pelos negros de Chicago: manter acesa a chama da alma infantil. No fun.

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