Iggy Pop. O deus vivo do rock and roll vem ao SBSR a 15 de julho

Se Lou Reed foi o pai e David Bowie o filho, Iggy Pop continua a ser o espírito da santíssima trindade do rock and roll. E vem a Portugal.
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Senador do rock, pai do punk ou até avô, tendo em conta a provecta idade, são alguns dos epítetos que habitualmente surgem associados ao nome de Iggy Pop, o mais recente cabeça de cartaz anunciado para a edição deste ano do Super Bock - Super Rock. Com os Stooges, primeiro, e depois a solo, o seu percurso confunde-se com a própria história do rock, formando, com Lou Reed e David Bowie, com quem os seus caminhos por diversas ocasiões se cruzaram, uma espécie de Santíssima Trindade da qual é hoje o único sobrevivente.

Nascido a 21 de abril do já distante ano de 1947 em Muskegon, Michigan, James Newell Osterberg, é este o seu nome de batismo, cedo se deixou influenciar pelo rock e ainda no liceu formou a primeira banda, The Iguanas, onde assumiu as funções de baterista e da qual viria a derivar o nome de palco com que se viria a tornar lendário.

Através dos Rolling Stones, deixou-se seduzir pelos blues, replicando os trejeitos de Mick Jagger no seu grupo seguinte, The Prime Movers, que abandonaria pouco tempo depois, ao ingressar na universidade do Michigan. A experiência académica seria breve, com Iggy a desistir para se mudar para Chicago, onde começou por ganhar a vida como baterista em clubes de blues.

Foi aí que, inspirado por bandas como os Sonics e os MC5, acabou por formar os Stooges, com o amigo e guitarrista Ron Asheton. Uma festa de Halloween em casa de amigos foi o local de estreia da banda, inicialmente denominada de Psychedelic Stooges, que logo chamou a atenção pelo uso de instrumentos tão estranhos como latas de tinta ou aspiradores. Depois de assistir a um concerto dos Doors, Iggy deixa a bateria, para assumir as funções de vocalista. Tornam-se então famosas as suas atuações selvagens, rolando ensanguentado sobre vidros ou despindo-se completamente, enquanto esfregava manteiga de amendoim pelo corpo, para depois se atirar para o público, criando essa verdadeira instituição do punk-rock que viria a ficar conhecida como stage diving.

A estreia discográfica do grupo, com o álbum homónimo de 1969, apesar da produção do Velvet Underground John Cale e de incluir dois dos maiores clássicos do rock - I Wanna Be Your Dog e 1969 - passaria quase despercebida. A história voltaria a repetir-se no ano seguinte, com Fun House, numa altura em que as drogas duras começaram também a fazer cada vez mais parte do dia-a-dia do grupo, que acabaria despedido da editora Elektra, levando ao seu fim nesse mesmo ano.

Muitas ressurreições da iguana

A convite de David Bowie, Iggy Pop (tal como havia feito Lou Reed após o fim dos Velvet Underground) muda-se para Londres, para tentar uma definitiva ressurreição do grupo, que, com uma nova formação, acabaria por ainda editar o seminal Raw Power, último registo dos Stooges, que viriam novamente a separar-se em 1974, outra vez devido ao abuso de drogas.

Depois da meteórica carreira dos Stooges, Iggy Pop parecia destinado a tornar-se um mero rodapé na história do rock. Chegou a viver como sem abrigo e após algumas tentativas falhadas de relançar a carreira, acabou por ser internado em Los Angeles, devido à adição às drogas. É nessa altura que surge na sua vida um anjo salvador, de seu nome David Bowie, na altura já uma super-estrela no firmamento do pop-rock, que lhe oferece um lugar na sua banda. E seria novamente Bowie a relançar-lhe a carreira, quando ambos se mudam para Berlim, onde Bowie produz os dois álbuns que viram a tornar-se a marca de água da carreira a solo de Iggy Pop: The Idiot e Lust for Life, ambos lançados em 1977.

E a partir daí, nada mais seria igual para Iggy Pop, que gradualmente se viria a emancipar de Bowie, tornando-se, ele próprio, nas décadas seguintes, numa das figuras maiores do rock, com nome inscrito no Rock and Roll Hall of Fame, graças a álbuns como Blah, Blah, Blah (1986), Brick by Brick (1990), American Caeser (1993) e mais recentemente com Skull Ring (gravado em 2003 com os velhos companheiros dos Stooges) ou o jazzístico Préliminaires (2009).

Ocasionalmente, tornou-se também ator e escritor, mas é com a sua música que continua a surpreender, como mais uma vez aconteceu este ano com o novo disco Post Pop Depression, escrito a meias com Josh Homme, vocalista e guitarrista dos Queens Of The Stone Age, no qual, aos 68 anos, volta a dar provas de toda a sua vitalidade artística. É este álbum que o traz de novo a Lisboa, até ao palco principal do Super Bock Super Rock, transformado este dia 15 de julho num altar de culto, onde os fiéis em peregrinação irão prestar, mais uma vez, a homenagem devida a este verdadeiro Deus vivo do rock and roll.

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