Idai: Especialista recomenda aperfeiçoamento das mensagens de alerta à população
"Os avisos à população não podem ser genéricos, do tipo 'aconselha-se precaução' ou 'procurem refúgio em zonas altas'. Onde estão elas? Como se chega lá? Têm de ser específicos para cada local e para os diversos agentes", disse Álvaro Carmo Vaz, engenheiro civil e primeiro professor catedrático da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), em Maputo.
Carmo Vaz falava hoje numa palestra promovida pela Ordem dos Engenheiros de Moçambique sobre o tema "Lições a tirar do ciclone e cheias", no anfiteatro da Direção Nacional de Abastecimento de Água e Saneamento, em Maputo.
O ciclone Idai, que afetou também o Maláui e o Zimbabué, provocou 603 mortos em Moçambique e afetou mais de 1,5 milhões de pessoas.
Carmo Vaz entende que, apesar de a mensagem ter sido enviada dias antes e reproduzida várias vezes, não colocou a população no estado de alerta que era necessário, devido à repetição monótona.
O académico recomendou também que de futuro se faça um reforço das redes de monitorização da precipitação para melhorar o lançamento de alertas.
Moçambique deve "aprender a conviver" com as cheias porque serão cíclicas e deve "estar preparado em termos de infraestruturas resilientes", acrescentou, aconselhando a revisão de regulamentos de construção de escolas e hospitais quanto à respetiva resiliência.
Álvaro Carmo Vaz é especialista em Hidrologia, autor de dezenas de textos científicos e técnicos na área e coautor do livro "Hidrologia e Recursos Hídricos".