Idade do gelo recriada

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A Sibéria poderá acolher um "parque" temático da Idade do Gelo. A ideia, de um biólogo russo, é mesmo recriar um ambiente semelhante ao do Plistocénico, com mamutes verdadeiros. Parece impossível, mas não é. A descoberta, esta semana, de um bebé mamute em perfeito estado de conservação poderá servir para clonagem.

Sergei Zimov quer fazer de Sakha, uma grande província russa na Sibéria, uma "janela" para a idade do gelo. As suas grandes distâncias, o verde da paisagem e o azul do rio Kolyma inspiraram o biólogo.

Há 10 mil anos, o local era habitado por mamutes lanzudos, rinocerontes , tigres, rebanhos de cavalos, bisontes e bois. Com a posterior subida das temperaturas, a erva deu lugar a musgo e a florestas e os habitantes locais (os mamíferos) desapareceram. Mas Sergei não põe as culpas no clima. Se não fosse a caça feita pelos humanos, defende, os mamutes ainda habitariam a Sibéria.

Para provar a sua teoria, o biólogo quer tornar 160 quilómetros quadrados desertos da Sibéria num período vivo da idade do gelo, com animais que não são vistos há muitos anos. Actualmente existem menos de cem grandes mamíferos, mas Sergei quer aumentar os "rebanhos" em dez vezes num período de cinco anos. Este aumento seria suficiente para acelerar dramaticamente os efeitos do habitat.

O plano do biólogo não é fácil. A Primavera traz muita chuva e os campos ficam alagados, o que impediria os animais de comer. O Verão é muito seco. Contudo, Sergei está optimista, dados os bons resultados obtidos com os animais que já trouxe para o parque: renas, cavalos e alces. Nos próximos dois anos, espera ter 20 mamíferos por quilómetro quadrado. Depois de ter uma população de herbívoros densa, o plano de Sergei é reintroduzir os predadores.

Mas o que pensará a população local de ter como vizinhos tigres, lobos e ursos nas suas terras? Sergei responde: "Ok, então uma ou duas pessoas irão morrer, como na Índia, mas muitas mais vão morrer do álcool ".

A ideia de Sergei, que à primeira vista, pode parecer descabida, está a ser animada pela descoberta do mamute bebé. Quando morreu, há 10 mil anos, este animal tinha apenas um ano. O seu excelente estado de conservação abre a possibilidade de extrair material genético em condições para a clonagem.

É a nova jóia da paleontologia, já "baptizada" de Yuri. O animal foi transladado para uma universidade de Tóquio, onde vai ser rigorosamente estudado. Foi descoberto na Sibéria Oriental por um pastor de renas.

A primeira vez que os cientistas se depararam com uma "jóia um bruto" deste género, foi em 1977, quando foi descoberto na Sibério um pequeno mamute de 104 cêntimos de altura e 115 de largura. Chamaram-lhe Dima. Em 1998, foi encontrada outra cria da mesma espécie, apelidada de Masha. Anteriormente, tinha sido encontrados apenas restos. |

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