IA no Google. A pesquisa nunca mais será a mesma
"O nosso objetivo é tornar a inteligência artificial útil para todos". Foi este o mote para o Google I/O 2023, a conferência para programadores do gigante da informática norte-americano, que decorreu esta quarta-feira na Califórnia.
Sundar Pichai, CEO da empresa, abriu a conferência com o anúncio: "Estamos a reimaginar todos os nossos produtos base com inteligência artificial". E, durante mais de uma hora, o que se seguiu foi um desfile de demonstrações de como a Google está a aplicar as suas ferramentas de IA generativa (inteligência artificial capaz de utilizar os dados que tem disponíveis para criar texto ou imagens originais) nos seus diversos produtos.
O que terá impacto num maior número de pessoas será o no motor de busca, hoje responsável por mais de 95% das pesquisas na internet, que passará a apresentar resultados de uma forma completamente diferente.
Com a integração de IA no motor de busca, explicou a vice-presidente da Google Cathy Edwards, a página de busca passa a apresentar uma resposta gerada por IA no topo com links considerados relevantes. Os links habituais para as páginas terceiras vêm só depois. No telemóvel, como foi demonstrado, a diferença ainda é maior, pois este snapshot, que pode incluir imagens, ocupa todo o ecrã.
Também a pesquisa no shopping passa a ser filtrado por IA generativa que, segundo a responsável, é "atualizada 1,8 mil milhões de vezes por hora", no que potencialmente representará uma alteração de fundo para quem depende desta plataforma para ter visibilidade dos seus produtos.
Este novo motor de busca está ainda em fase de testes, via Search Labs (o programa beta da Google), e apenas disponível para early adopters nos EUA. No entanto, é prometido que será disponibilizado progressivamente a todos -- tal como a Microsoft hoje já faz com o Bing, que integra o ChatGPT.
Outra das integrações mais úteis prometidas para o público em geral é inclusão de ferramentas de ajuda de criação de conteúdos nas apps do Workspace, como o Google Docs. É a resposta da empresa californiana ao Co-Pilot, da Microsoft, que ajuda a escrever, a compor emails ou criar folhas de cálculo na sua suíte de programas Office através do GPT.
"Agora pode-se colaborar em tempo real com IA", nas palavras de Aparna Pappu, vice-presidente da Google para o Workspace.
Um dos exemplos mais inovadores apresentados foi o modelo de ajuda de escrita criativa, que tenta auxiliar à produção de um projeto. O sistema reage a detalhes do texto e gera perguntas que podem levar a ideias para continuar a história. O princípio é que "é mais fácil reagir a algo", diz a Aparna Pappu.
Noutra vertente, é possível com um simples clique gerar imagens por IA para o texto que se está a escrever.
Estas inovações neste momento funcionam em inglês, com a Google a prometer para breve ampliar a mais 40 línguas.
A edição de fotos no Google Photos através do novo Magical Editor -- disponibilizado "mais tarde no ano" -- permitirá que, com simples comandos, as fotos sejam modificadas através de de IA. Nas demonstrações, com simples movimentos parece nunca ter sido tão fácil alterar a posição de pessoas ou objetos nas imagens, por exemplo.
O que levanta ainda mais a questão da facilidade da divulgação de imagens "fake" como sendo verdadeiras. Quanto a isso, a Google promete que todo o desenvolvimento de IA é feito "responsavelmente". Aliás, esta foi uma tecla repetidas vezes batida ao longo deste I/O.
Isto inclui que "todas as imagens geradas pelas nossas IA têm metadados" que as identifiquem, garantiu o CEO da empresa, Sundar Pichai.
E para o fazer de forma ainda mais criativa, a Google anunciou ainda a integração do Bard , o seu chatbot, com o Adobe Firefly que permite criar imagens virtuais geradas por AI diretamente no Google. O que fica disponível a partir desta quarta-feira em mais de 180 países em língua inglesa, com mais 40 prometidos para breve. Para que todos possam, "fazer e criar tudo o que possam imaginar".