Humanos poderão ter saído de África há menos tempo

Material genético de esqueletos fósseis sugere que os antepassados humanos poderão ter saído de África mais recentemente do que se pensava, entre 62.000 e 95.000 anos atrás, anuncia um estudo revelado hoje pela publicação Current Biology.
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O estudo contradiz estudos anteriores que colocam a saída dos humanos de África há 200.000 anos.

A bióloga na universidade alemã de Tubinga, Alissa Mittnik, coautora do estudo, disse ao 'site' LiveScience que os resultados da análise ao material genético estão de acordo com informação obtida em estudos arqueológicos.

A altura em que os primeiros humanos emergiram de África para colonizar o mundo, é calculada pela análise da frequência com que os genes se modificam e pela contagem do número de diferenças genéticas entre espécies diferentes, decifrando há quanto tempo partilhavam um antepassado comum.

Os primeiros estudos utilizaram diferenças genéticas no ADN mitocondrial - localizado no núcleo das células e transmitido apenas de mãe para filho - de chimpanzés e humanos, mas esta técnica baseia-se no número de mutações dividido pelo tempo em que ambos tinham um antepassado comum, o que requer uma estimativa de quando este viveu.

Pesquisas mais recentes para conhecer a época do antepassado comum estimaram a taxa de mutações nas famílias humanas modernas tendo como base o ADN do núcleo celular, sendo que este método sugere que os humanos teriam saído de África há mais de 200.000 anos.

Este índice de mutações mais lentas indica "datas muito anteriores" para o ancestral comum mais recente e para "a saída dos humanos de África", afirmou Chris Stringer, um paleobiólogo do Museu de História Natural de Londres, que não esteve envolvido no estudo.

Para resolver o impasse, os investigadores extraíram ADN mitocondrial de 11 esqueletos fossilizados de humanos, vindos da Europa e da Ásia, e usaram datação por carbono radioativo para estimar que o mais antigo tinha 40.000 anos, enquanto o mais recente provinha dos tempos medievais.

Os investigadores estimam que, no seu esforço para evitar falsos positivos, o método de ADN do núcleo perdeu algumas mutações verdadeiras, o que conduziria a uma estimativa maior para a altura em que os humanos saíram de África e divergiram dos Neandertais.

Atualmente não há um método mais adequado, disse ao LiveScience Peter Visscher, geneticista da Universidade de Queensland, acrescentando que "será possível chegar a um consenso sobre que índices de mutações existem atualmente porque há muita sequenciação [de ADN] a ser realizada em todo o mundo".

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