Hubble capta imagem da estrela mais distante alguma vez vista

Corpo celeste foi detetado a cerca de 9.3 biliões de anos-luz da Terra e foi batizado em homenagem a Ícaro
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Os cientistas detetaram a estrela mais distante alguma vez vista: é uma supergigante azul localizada a meio caminho no universo e batizada em homenagem à figura mitológica grega Ícaro.

Os investigadores recorreram ao telescópio espacial Hubble para detetar a estrela, que é um milhão de vezes mais luminosa e duas vezes mais quente do que o nosso sol, encontrando-se a 9,3 mil milhões de anos-luz da Terra. É considerada uma supergigante azul.

A estrela, localizada numa galáxia em espiral distante da Terra, está pelo menos 100 vezes mais longe que qualquer outra estrela anteriormente observada, com exceção de fenómenos como explosões de supernovas que marcam a morte de certas estrelas. Já foram detetadas galáxias mais antigas, mas as suas estrelas individuais foram sempre indiscerníveis.

Os cientistas aproveitaram um fenómeno denominado de "lente gravitacional" para detetarem a estrela - envolve aproveitar a distorção da luz causada pelo efeito gravitacional de aglomerados de galáxias na linha de visão, o que aumenta objetos celestes mais distantes. Isto faz com que objetos distantes e de aspeto ténue, que de outra forma seriam indetetáveis, como uma estrela, sejam visíveis.

Patrick Kelly, astrónomo da Universidade de Minnesota, explica que a fração do universo onde podemos ver estrelas é muito pequena e que este tipo de peculiaridade da natureza nos permite ver mais longe. O autor principal do artigo publicado no jornal Nature Astronomy acrescentou que "agora poderemos estudar detalhadamente como era o universo - e especificamente como as estrelas evoluíram - quase até aos primeiros estágios do universo e às primeiras gerações de estrelas".

Uma vez que a luz desta estrela demorou tanto tempo a chegar à Terra, observar esta estrela é como recuar no tempo, até à altura em que o universo tinha menos de um terço da sua idade atual. O Big Bang, que deu origem ao universo, ocorreu há cerca de 13,8 mil milhões de anos.

A estrela observada neste estudo é formalmente chamada de MACS J1149+2223 Lensed Star-1, mas foi apelidada de Ícaro, que voou para tão perto do sol que as suas asas feitas de cera e penas derreteram, fazendo-o mergulhar fatalmente no mar. Kelly disse que preferia o apelido Warhol, em homenagem ao artista americano Andy Warhol, devido aos "15 minutos de fama" da estrela após a sua descoberta. "Ninguém gostou disso, exceto uma outra pessoa, então acabou por ficar Ícaro".

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