Huawei consolida ecossistema próprio de aplicações móveis
Mais de um ano depois dos dispositivos móveis da Huawei terem ficado sem acesso às aplicações da Google, em consequência do bloqueio económico imposto pelos Estados Unidos à China, a gigante tecnológica tem vindo a procurar soluções que permitam contornar este obstáculo.
Com esse objetivo em mente, surgiu a AppGallery, uma loja de aplicações desenvolvida pela marca e onde é possível aos desenvolvedores distribuírem os seus serviços, como acontece na Google Play (android) ou na AppStore (iOS). Na Web Summit 2020, evento com que a Huawei renovou a parceria estabelecida no último ano, a multinacional chinesa apresentou uma nova ferramenta para apoiar programadores na criação de apps - a Huawei Mobile Services (HMS) Connect.
A ideia passa por disponibilizar um conjunto de instrumentos que permitam aos parceiros, fornecedores de conteúdos e serviços desenvolver, distribuir e comercializar as suas soluções a partir de uma só plataforma. Com esta nova dinâmica, ganha a Huawei por conseguir oferecer aos seus utilizadores um catálogo mais completo de aplicações e ganham os desenvolvedores, que conseguem atingir um mercado global de peso.
De acordo com Jervis Su, vice-presidente de Serviços Móveis do grupo, a marca tem "mais de 700 milhões de utilizadores a nível mundial, incluindo mais de 80 milhões na Europa", que "têm acesso a um ecossistema digital abrangente através das aplicações HMS". Entre as opções disponíveis, estão apps que substituem os principais serviços da Google, como o Maps, YouTube ou Chrome, por equivalentes deste novo ecossistema - a Petal Maps para a navegação por GPS, Video para o entretenimento ou Navegador para aceder à internet, entre outras.
"Estamos a proporcionar novas possibilidades e benefícios para empresas e programadores em todo o mundo, para que colaborarem com mais inovações", acrescenta o responsável.
Passo a passo, aquela que é uma das principais marcas de smartphones do mundo consegue conquistar independência total dos serviços garantidos pela tecnológica norte-americana. Foi, aliás, este um dos principais objetivos da empresa liderada por Liang Hua - que participou no primeiro dia da Web Summit como keynote speaker - ao longo de toda a cimeira, que procurou mostrar, através de múltiplas masterclasses, como podem programadores e empresas tirar maior proveito deste novo ecossistema.
Por outro lado, a adesão de parceiros a esta plataforma permite que estes possam expandir os seus serviços aos utilizadores chineses, um mercado amplo e aliciante para os projetos que pretendem ganhar escala.
No final do terceiro e último dia de Web Summit 2020, capaz de juntar mais de 100 mil pessoas de todo o mundo na assistência virtual, ficaram claras as prioridades estratégicas da Huawei. Por um lado, o já referido investimento forte no desenvolvimento de um ecossistema de aplicações nativo e, por outro, o reforço da preocupação com questões relacionadas com a igualdade de género na indústria, proteção do meio ambiente e aposta nos setores da educação e da saúde.
Presente no mercado europeu há duas décadas, ainda que apenas há alguns anos se tenha tornado reconhecida pelos consumidores, a empresa aproveitou o palco internacional montado em Lisboa para mostrar que é uma organização focada no futuro, pelo investimento contínuo em tecnologias inovadoras, mas sobretudo consciente dos desafios da sociedade de hoje e de amanhã.