Hotéis pedem mais apoios. "Retoma do turismo abortou"
Até abril, grande parte da hotelaria esteve de portas fechadas ou com taxas de ocupação muito baixas. A expectativa era que a partir de maio houvesse um crescimento da atividade e fosse criado um balão de oxigénio. Se a integração na lista verde do Reino Unido animou, a saída apenas três semanas depois, foi um balde de água fria. Mas as dificuldades não se ficam por aí. Na semana passada, a Alemanha gelou ainda mais as perspetivas do turismo ao colocar Portugal na lista vermelha.
"A retoma do turismo em Portugal abortou. Tínhamos a expectativa de que a retoma se iria iniciar neste verão, e tínhamos indicações que nos levavam a pensar isso. Mas com os condicionamentos da Grã-Bretanha e da Alemanha, não haverá retoma neste ano", disse Raul Martins, presidente da AHP.
Apesar de o Certificado Digital da UE entrar em vigor nesta quinta-feira, 1 de julho, Berlim, ao colocar Portugal nesta lista vermelha, utilizou uma espécie de travão de emergência.
O ano não esteja a correr como o previsto pelos hoteleiros, mas comparando com 2020, as perspetivas são melhores. "Pior do que 2020 não será porque temos um mercado interno que vai contrabalançar", disse Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP.
Pelo segundo ano, a época alta vai ser com níveis de ocupação atípicos. A AHP realizou um inquérito entre 7 e 25 de junho, antes da Alemanha ter colocado Portugal na lista vermelha, e os dados mostram que a média de reservas para julho está na casa dos 43%, subindo ligeiramente para 46% em agosto. Em setembro, desce para 37% e sobe para 50% em outubro.
Em 2019, a atividade turística em Portugal estava bastante dependente dos não residentes, sendo que os portugueses contribuíram com cerca de um terço. Contudo, e tal como em 2020, os portugueses são neste ano são os principais clientes da hotelaria. " Vamos ter um prejuízo gravíssimo nesta época alta", disse Cristina Siza Vieira.
Com perspetivas cinzentas, a hotelaria pede reforço de apoios. "Mais do que estar a pedir novas medidas (...) temos é de aumentar a disponibilidade do plano reativar o turismo", defendeu Raul Martins.
"O decreto-lei está publicado, mas agora têm de ser definidos os critérios que vão permitir ao Banco de Fomento apoiar as linhas capitalizar, tesouraria e divida subordinada, que são as três vias que existem. O que é urgente é que essa definição exista. Temos a expectativa que seja feita até 15 de julho. E que possa ser posta em prática desde logo. É urgente, mais do que no mês passado, porque estamos a entrar em julho e havia a expectativa de alguma ocupação, e o que vamos ter é uma ocupação muito baixa e que não vai permitir ter resultados positivos de exploração em julho", rematou.