Hotéis desconfinam com as primeiras reservas para o verão

Pontes de junho e fins de semana lideram na procura, animada sobretudo pelo mercado nacional. Hoteleiros antecipam uma época melhor do que a do ano passado
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A hotelaria nacional arrancou 2021 com o pé esquerdo. O estado de emergência levou a que muitos hotéis tivessem mantido as portas fechadas, mas com o País a desconfinar e com a evolução do processo de vacinação a acelerar um pouco por toda a Europa - a origem dos principais mercados emissores de turistas para Portugal - a abertura gradual das unidades de alojamento está a avançar. O anúncio do Reino Unido de isentar de quarentena quem venha de Portugal a partir de 17 de maio é mais uma esperança para o setor.

"Os primeiros meses de 2021 revelaram-se muito difíceis. É um período do ano em que tradicionalmente teria algum movimento de segmentos que foram fortemente impactados pela pandemia, como o City Break e o MICE", começa por dizer Miguel Proença, CEO da Hoti Hotéis, grupo que conta com um portefólio de 18 unidades de alojamento para turistas.

Os dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativos a março, indicam que nesse mês 58,5% dos estabelecimentos de alojamento turístico estiveram encerrados ou não registaram movimento de hóspedes. A Associação da Hotelaria de Portugal, numa declaração recente ao Dinheiro Vivo, apontava que, pelas suas contas, cerca de 60% da hotelaria permanecia encerrada, mas admitindo que os hotéis "vão abrindo timidamente".

O Vila Galé, o segundo maior grupo hoteleiro nacional, tem vindo a abrir as suas unidades, estando já atualmente 14 em funcionamento. Outras seis unidades estão disponíveis para acolher turistas de sexta a domingo, com excepção das duas primeiras semanas de junho, que têm um feriado cada uma, quando os hotéis vão estar abertos de quarta a domingo. "Notamos que os portugueses começaram agora a reservar, ainda que lentamente. A procura tem sido sobretudo para os fins de semana de maio e junho e para as pontes de junho. Também registamos já alguma procura para o verão nos hotéis no Algarve e no Alentejo, e admitimos que o ritmo de reservas possa acelerar nas próximas semanas. Já nas cidades, como Lisboa e Porto, a retoma deverá ser mais tardia, a partir de agosto/setembro", diz Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador da Vila Galé.

Os hotéis Tivoli, que de um total de 10 unidades em Portugal têm oito abertas e as restantes devem abrir em breve, assumem que têm "um cenário positivo" em termos de reservas quando comparado com o negócio que tinham em carteira no mesmo período do ano passado, "que já está 15% acima para o período do verão". Jorge Lopes, do Minor Hotel, grupo que detém a marca Tivoli, acrescenta que este "será um bom verão", em especial, para os resorts no Algarve. "Contamos, sobretudo, com uma maior procura do mercado interno e dos mercados europeus de proximidade."

Miguel Proença, por sua vez, lembra que "o verão de 2020 apresentou números que trouxeram algum alívio à paragem total que se verificou a partir de meados de março, centrando-se a procura claramente no mercado nacional e espanhol". Por outro lado, nota que "os fluxos de viagens com a pandemia aguçaram o apetite por locais mais remotos e com características diferentes", algo que se deve manter neste ano.

"Estamos otimistas que este verão será o início da retoma, mas ainda será um ano com muitos desafios, dada a incerteza que ainda existe em torno da pandemia", acrescenta Gonçalo Rebelo de Almeida.

O grupo Savoy Signature tem seis hotéis na Região Autónoma da Madeira e não tem dúvidas que a região "afirmou-se ao longo de décadas enquanto um dos maiores símbolos do turismo em Portugal, e essa característica não se alterou com a pandemia. Antes pelo contrário, há um reconhecimento extra de um destino com uma extensa cadeia de valor criada em torno da natureza, hoje muito valorizada pelos turistas, e em particular pelas famílias".

O arquipélago contou com cerca de 50 mil hóspedes nos três primeiros meses do ano e o grupo acredita que muitos mais vão chegar nos próximos meses. Por isso, contam reabrir portas de vários hotéis do seu portefólio em breve. "O período dos feriados de junho já está a traduzir-se no aumento de reservas, muito relevante pela forma como revela que os hóspedes do mercado nacional estão ansiosos para viajar até à Madeira", diz fonte do grupo. "A vacinação da população constitui um fator de confiança no restabelecimento da atividade turística. A expetativa na Savoy Signature é de que a região beneficie desta recuperação, com contributo também dos mercados tradicionais, designadamente o Reino Unido."

ana.laranjeiro@dinheirovivo.pt

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