Hospital dos SAMS e clínica de Braga vão fazer abortos

O Hospital do SAMS, em Lisboa, e a clínica de Santa Tecla, de Braga, vão integrar a rede de estabelecimentos reconhecidos para a interrupção voluntária da gravidez (IVG). Um passo que não será dado pelos principais grupos privados de saúde, que afirmaram ao DN que o aborto não faz parte dos projectos de negócio, nem agora nem no futuro.
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O Hospital dos Serviços de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SAMS), situado nos Olivais, tem 11 pisos, cinco salas de cirurgia e um serviço de ginecologia e obstetrícia aberto 24 horas por dia. Já a clínica de Braga dispõe de várias especialidades, mas aposta fundamentalmente na maternidade.

De acordo com o director-geral da Saúde, Francisco George, "o Hospital do SAMS já entrou na rede e a clínica de Santa Tecla, em Braga, está em fase de aprovação". No entanto, não prevê que a rede de privados "venha a ser muito maior. Quando muito um quinto ou sexto estabelecimento", calcula.

A rede pública continuará, assim, a ser a base na IVG, porque é "um sistema gratuito e devido à ausencia de convenções com os privados", diz Francisco George. A Hospitais Privados de Portugal (HPP) Saúde considera que a interrupção voluntária da gravidez a pedido da mulher, até às dez semanas, "não é uma área que pretenda desenvolver como serviço organizado nos seus hospitais", avançando ainda "que serão atendidas todas as situações clínicas que se enquadrem nos padrões e princípios morais do corpo clínico".

A Espírito Santo Saúde também afirmou ao DN que não iria realizar IVG à luz da nova lei. Artur Vaz, administrador executivo do hospital da Luz, esclareceu que esta "é uma posição que afecta o grupo todo. É uma decisão do accionista, que entende que não o deve fazer".

Fonte da José de Mello Saúde sublinha uma estratégia semelhante para o grupo. "No que se refere à IVG, remetemo-nos ao código de ética do grupo. Não faz parte nem dos planos nem da cogitação da José de Mello Saúde, com excepção do Hospital Amadora-Sintra, gerido por nós. Aí, cumprem-se as directivas da lei que rege todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde".

As Misericórdias mantêm a decisão da Assembleia Geral de 1998, em que foi decidido não se realizar interrupções da gravidez. O Grupo Português de Saúde não tinha ninguém disponível para falar sobre o assunto, uma vez que está em processo de reestruturação.

Luís Graça, presidente do colégio de obstetrícia da Ordem dos Médicos, entende esta opção por parte dos hospitais privados porque "esta área implica grandes mudanças nos hospitais, a mobilização de muitos profissionais e porque existem dificuldades de logística". No entanto, acredita que "nove em cada dez abortos venham a ser feitos no privado". Até ao momento, foram realizadas 27 IVG no Hospital de Santa Maria, 22 dos quais pela via medicamentosa, tendo cinco necessitado de intervenção cirúrgica.

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