Hospital de Elvas acusado de negligência sobre idosa em risco de perder braço
A família de Mariana Martins, de 84 anos, está revoltada com o tratamento que a idosa recebeu no Hospital de Santa Luzia, em Elvas, e acusa a unidade de saúde de "negligência médica grosseira". Segundo relata o filho Eduardo Durão, uma punção provocou uma hemorragia interna à doente a quem o braço direito foi inchando ao logo de três dias. "A minha esteve sem assistência e fartei-me de procurar a médica. Mas só apareceu quando eu já estava a fazer a reclamação no livro", denuncia. A mãe foi transferida para Portalegre, mas já esta tarde a família recebeu a notícia de que a gangrena avançou, obrigando a remover partes do membro que já não eram irrigadas
"Disseram-me que ela ficou com um buraco no braço, porque a carne apodreceu, pelo que não fazem prognósticos", relatou o filho ao DN, avançando que a mãe "está muito debilitada", receando os médicos que possa vir a sofrer uma embolia pulmonar a qualquer momento. "Está farta de sofrer ao longo destas semanas e nós vamos querer que se faça justiça junto dos responsáveis por isto", refere Eduardo Durão, residente em Campo Maior, tal como a mãe.
Mariana Martins entrou nas urgências do hospital de Elvas no dia 26 de março com sintomas de insuficiência respiratória. Mas uma punção para lhe retirar sangue destinado a uma análise de rotina (gasometria arterial) havia de danificar a artéria junto ao pulso, provocando-lhe uma hemorragia interna e um "enorme hematoma no braço", como descreve o filho.
Eduardo Durão garante ter perdido a conta à quantidade de vezes que alertou para o agravamento do estado do braço da mãe: "cada vez mais inchado, duro e negro", descreve. Mas sem sucesso. "Estava a ser tratada com antibiótico para uma infeção bacteriana, quando, afinal, tinha uma enorme hemorragia", insiste, revelando que um cirurgião do hospital de Portalegre - para onde foi transferida dia 30 de março, encontra-se ali até hoje - confirmou isso mesmo. "Disse-nos que se fosse infeção respiratória morreria em dois ou três dias", revela o familiar da paciente.
Porém, o filho acrescenta que só no momento em que apresentava a queixa no livro de reclamações no hospital de Elvas é que apareceu uma médica e encaminharam para Portalegre. "Perguntei se estavam à espera que o braço rebentasse, como veio a acontecer", relata, sendo que já em Portalegre a doente seria sujeita a duas cirurgias. "Vamos ver se terá de ser transferida para outro hospital de Lisboa ou Coimbra, devido ao risco de lhe terem que amputar a mão por falta de irrigação sanguínea, como nos disse o cirurgião", refere Eduardo Durão.
Contactado pelo DN, a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, que gere o hospital de Elvas, não comenta o caso, para já, mas admite prestar esclarecimentos durante esta quarta-feira. A família, que fez chegar a queixa ao gabinete do ministro da Saúde, lamenta não ter ainda recebido nenhum contacto do Hospital do Elvas.