Um milhar de pessoas começaram a juntar-se na terça-feira à noite em San Pedro de Sula, no norte das Honduras, para formar uma nova caravana e tentar entrar nos EUA..Tal como no caso de outras caravanas de migrantes que se formaram nas Honduras no último ano e meio, estes hondurenhos querem seguir a pé em direção dos EUA atravessando a Guatemala, depois o México e tentar entrar no território norte-americano para fugir da pobreza e da violência que reina no seu país.."Neste momento, temos cerca de mil pessoas, mas há autocarros a chegar de Tegucigalpa [a capital das Honduras] e de outras partes do país", afirmou à AFP Bartolo Fuentes, jornalista, ex-deputado da oposição e defensor dos direitos humanos..Fuentes foi acusado pelo governo hondurenho de ter sido o organizador da primeira caravana que partiu das Honduras, em outubro de 2018, o que ele nega..As pessoas que se reuniram na terça-feira à noite em San Pedro Sula, a segunda maior cidade das Honduras, responderam a um anúncio nas redes sociais e ampliado pelos media. O anúncio é para que a partida seja esta quarta-feira..Segundo Fuentes, ao contrário das caravanas anteriores, a maioria das pessoas são jovens e vêm das zonas rurais. Homens, mulheres, e crianças encontravam-se na noite de terça para quarta-feira em vários pontos da cidade, nomeadamente na gare central..Na primeira caravana, que partiu a 14 de outubro de 2018, mais de duas mil pessoas puseram-se a caminho na esperança de entrar nos EUA e para fugir ao desemprego e à violência dos gangues de traficantes de droga que dominam vastas partes das Honduras..Pelo menos três outras caravanas, de menor dimensão, seguiram-se no primeiro trimestre de 2019. O fenómeno acabou por parar depois da decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de enviar os militares para a fronteira, após denunciar uma "invasão" vinda do sul..Acordos dos EUA.Os EUA chegaram ainda a acordos com o México e com os países da América Central que, sob pressão, concordaram em colaborar para tentar interromper o fluxo de pessoas que vão para a fronteira. No entanto, a implementação de tais acordos, incluindo o possível envio de requerentes de asilo para a Guatemala, levanta várias dúvidas..O número de migrantes detidos na fronteira sul dos EUA foi de quase um milhão de pessoas no ano fiscal de 2019, que acabou em setembro. Esse número quase duplicou o do ano fiscal anterior e gerou fortes tensões entre Washington e os países do sul..Em maio, o número de migrantes detidos por cruzarem a fronteira com os EUA atingiu o pico de 144 mil pessoas, o que levou o governo Trump a forçar que México, Honduras, El Salvador e Guatemala assinassem acordos para receber migrantes..Com o México, os EUA selaram os Protocolos de Proteção aos Migrantes (MPP), que determinam que os requerentes de asilo que chegam à fronteira devem esperar para que o processo seja iniciado. Trump tinha ameaçado em maio impor tarifas às importações do México, o que levou o presidente Andrés Manuel López Obrador a enviar milhares de agentes para a fronteira. Desde então, o número de migrantes detidos ou retidos nos EUA caiu mais de três vezes, para 45 mil em outubro e 42 mil em novembro..Os pactos com Honduras, El Salvador e Guatemala determinam que aqueles que querem pedir asilo nos EUA e passem por estes países devem fazer aí o seu pedido e esperar. Depois de assinar os acordos, o governo de Trump retomou a assistência financeira suspensa em março. Segundo dados de novembro, existiam nos EUA 474 327 pedidos de asilo pendentes, metade deles de pessoas destes três países.."Políticas como permanecer no México e acordos com países inseguros estabelecem um processo que é uma farsa que visa garantir que os requerentes de asilo nem sequer têm a oportunidade de se inscrever", disse à AFP Daniella Burgi-Palomino, especialista do grupo de trabalho ONGs da América Latina.