Homenagem a Miguel Galvão Teles nos 15 anos da independência timorense

Advogado José Manuel Galvão Teles pediu perdão aos timorenses "por todos os erros e omissões" de Portugal.
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Diplomatas, políticos, académicos e juristas foram algumas das figuras que homenagearam esta quarta-feira o advogado Miguel Galvão Teles, em Lisboa, pelo seu papel de defesa da causa de Timor-Leste.

"Miguel Galvão Teles foi o único que tem, desde o início até ao fim, ação permanente como conselheiro" e com uma "intervenção tão forte e tão constante" junto dos vários chefes do Estado, primeiros-ministros e ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal, enalteceu o académico Carlos Gaspar.

O "tributo por ocasião dos 15 anos da independência de Timor-Leste", a que o antigo presidente da República Jorge Sampaio não compareceu, teve a presença da líder do CDS, Assunção Cristas, de advogados como Vasco Vieira de Almeida e Garcia Pereira, de embaixadores como António Monteiro e Fernando Neves, dos académicos Jorge Miranda e Carlos Gaspar, do almirante Melo Gomes ou do banqueiro Jardim Gonçalves, entre muitos outros.

O primo José Manuel Galvão Teles, segundo representante permanente de Portugal junto da ONU após o 25 de Abril e nessas funções aquando da invasão de Timor-Leste pela Indonésia, dirigiu-se expressamente à embaixadora de Timor em Portugal, Maria Paixão da Costa, pedindo "perdão a todos os timorenses por todos os erros e omissões" pelos quais Lisboa "foi responsável".

A cerimónia coincidiu com o reacender do debate sobre os acontecimentos ocorridos em Timor-Leste em 1999 e quanto ao papel desempenhado então pelos responsáveis portugueses envolvidos no processo, na sequência da indigitação do embaixador Júlio Pereira Gomes para chefe dos serviços de informações - e cuja "indisponibilidade" para assumir essas funções foi conhecida minutos antes do início da homenagem a Miguel Galvão Teles.

José Manuel Galvão Teles destacou depois o "papel fundamental" do primo na fase final do processo de autodeterminação e independência" timorense, a que juntou os nomes de Jorge Sampaio e António Guterres no que considerou ser um "belo fim da história de Timor-Leste e de Portugal".

O embaixador Fernando Neves, que foi chefe da missão responsável pelos assuntos timorenses no Ministério dos Negócios Estrangeiros, acrescentou o "papel absolutamente determinante" do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Jaime Gama.

"A conjugação entre Guterres, Sampaio e Gama foi extraordinária para a solução" do caso de Timor-Leste na segunda metade dos anos 1990, referiu o diplomata.

Um painel sobre "Timor e o Direito Internacional" permitiu depois conhecer memórias e episódios contados por membros do chamado "gangue de Timor", como lembrou a moderadora Bárbara Reis: António Monteiro, Fernando Neves e Carlos Gaspar.

"A única arma que tínhamos era o Direito, a arma jurídica, e era aí que o Miguel entrava. A sua opinião contava porque a diplomacia tinha, para vingar, de se apoiar em fortes argumentos jurídicos", sublinhou António Monteiro, enfatizando ainda "a influência" exercida pelo jurista "junto de cada uma das pessoas que se interessou por Timor-Leste" ao longo dos anos.

Carlos Gaspar, que acompanhou direta e pessoalmente o dossier timorense durante 29 anos como consultor dos presidentes da República, adiantou que Miguel Galvão Teles tornou "possível combinar o pragmatismo da diplomacia e os princípios do Direito".

Atualizado para corrigir o nome de José Manuel Galvão Teles, primo de Miguel Galvão Teles

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