Investigadores suíços, alemães e italianos testaram esta mão biónica no hospital Gemelli de Roma (Itália), num dinamarquês de 36 anos, cuja mão e antebraço foram amputados há nove anos, na sequência de um acidente quando manuseava com fogo-de-artifício em sua casa. .Os resultados da experiência clínica foram publicados hoje na revista científica norte-americana Science Translational Medicine. .[youtube:QtPs8d4JbwY]."Pude sentir sensações que já não sentia há nove anos", explicou o doente Dennis Aabo Sorensen, que considerou a resposta sensorial da prótese como "verdadeiramente incrível". .Para os testes, o doente tinha os olhos vendados e tampões nos ouvidos, dependendo apenas do sentido do tacto, explicaram os investigadores. .A equipa de Silvestro Micera, da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, aperfeiçoou esta mão biónica, com a qual o doente pode ajustar a força para agarrar objetos e identificar formas e texturas. .A prótese tem sensores capazes de reagir à tensão dos tendões artificiais, ao transformar em impulsos elétricos as informações emitidas quando o doente manipula um objeto. Estes sinais convertidos nos equivalentes impulsos nervosos são transmitidos aos quatro elétrodos implantados nos nervos periféricos do braço. ."Esta é a primeira vez que conseguimos restabelecer uma perceção sensorial, em tempo real, com uma prótese", sublinhou Silvestro Micera..A intervenção cirúrgica, a cargo de uma equipa de cirurgiões e neurologistas, foi realizada em janeiro do ano passado, no hospital Gemelli de Roma, sob a direção de Paolo Maria Rossini, que implantou os elétrodos no braço esquerdo do doente. .A equipa de Silvestro Micera realizou testes durante quase três semanas, antes de dar por concluída a ligação entre a prótese e os elétrodos. .Depois disso, investigadores e doente testaram a mão durante uma semana. Os elétrodos foram retirados após um mês, em conformidade com a legislação europeia sobre testes clínicos. .Mas, de acordo com os investigadores, os elétrodos podiam ter ficado implantados e funcionar durante vários anos sem danificar os nervos periféricos do doente. .Será preciso esperar alguns anos até que a mão biónica seja comercializada, disse à agência noticiosa francesa AFP, por telefone a partir de Lausanne, Stanisa Raspopovic da EPFL, um dos autores destes trabalhos, realizados no âmbito do projeto europeu "LifeHand2". ."Tudo dependerá dos próximos ensaios clínicos", afirmou, sem precisar o número de doentes que vai participar. Mas, a comercialização deverá ser possível no prazo "de cinco a 15 anos". .Nesta fase, Raspopovic considerou ser difícil calcular o preço de uma prótese deste tipo, mas a produção em série deverá baixar os custos. .A próxima etapa será a miniaturização dos componentes eletrónicos para serem integrados na prótese, e também a produção de uma bateria eficaz, acrescentou. .Os investigadores esperam aperfeiçoar o dispositivo sensorial, para chegarem a uma melhor resolução do toque, para que o paciente possa sentir os movimentos dos dedos de forma mais precisa.