Homem recupera após 19 anos em coma
Tinha 19 anos quando sofreu um grave acidente de viação que o deixou em coma. E Terry Wallis permaneceu nesse estado durante muito tempo. Demasiado tempo para que houvesse esperanças de que voltasse a despertar. Mas, 19 anos depois, Wallis acordou. E após quase duas décadas em estado vegetativo, o paciente tem feito progressos surpreendentes para a comunidade científica.
As análises ao cérebro de Terry Wallis sugerem que houve um crescimento do tecido cerebral, e esta descoberta pode representar uma maior compreensão não só do cérebro como da forma como ele pode recuperar de graves lesões.
Foi há três anos que Wallis pronunciou a sua primeira palavra. Depois de dizer "mãe" continuou a registar evoluções, apesar de limitadas. Já diz mais palavras, o seu discurso tem melhorado substancialmente e recuperou alguma mobilidade nas pernas. Porém, a sua memória é curta e muito pobre. Wallis continua sem compreender o que lhe aconteceu.
Com o objectivo de investigar de que forma Terry Wallis recuperou, uma equipa de investigadores norte-americanos e neozelandeses fez um exame ao seu cérebro, usando uma técnica radiológica especial.
Com este método, os cientistas conseguiram observar o cérebro de Wallis com grande detalhe, nomeadamente as lesões e possíveis reorganizações da sua "massa branca". A "massa branca" é constituída por fibras nervosas de cor branca (feixes de axónios envolvidos em mielina), e é responsável pela troca de informações entre as diversas áreas do córtex cerebral.
O primeiro exame cerebral foi realizado oito meses depois de Terry Wallis ter dito as primeiras palavras. Henning Voss, professor associado de física e radiologia numa universidade de Nova Iorque e chefe da equipa de investigadores, disse que o exame revelou que Wallis sofreu danos severos na "massa branca", mas que numa certa zona do seu cérebro houve um aumento do volume de tecido.
Num segundo exame, 18 meses mais tarde, os cientistas constataram que tinha havido aumento de volume dos tecidos numa outra área do seu cérebro, desta vez responsável pelo movimento e pela coordenação. Os investigadores acreditam que foi o crescimento dos axónios (as fibras que interligam os neurónios) que permitiu esta espantosa recuperação.
O chefe da equipa de cientistas, Henning Voss, disse: "Pensamos que deve ter havido uma razão para que ele tenha saído do estado de consciência mínima em que se encontrava, e achamos que houve um processo de auto-cura muito lento e progressivo do próprio cérebro." Voss acrescentou que este caso é único e que o processo de recuperação pode não acontecer em outros pacientes nas mesmas circunstâncias.
Os cientistas consideram que as recentes descobertas vão aumentar a compreensão dos pacientes que sofrem graves lesões cerebrais, bem como a sua "milagrosa" recuperação de consciência.