Homem que morreu após receber coração de porco estava infetado com vírus suíno

Cirurgião responsável pelo transplante admite que vírus poderá ter contribuído para a morte de David Bennett um mês e meio após a cirurgia.
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O homem que recebeu um transplante de coração de porco geneticamente modificado e morreu dois meses depois da cirurgia inovadora realizada nos Estados Unidos recebeu o órgão infetado com um citomegalovírus suíno, o que poderá ter contribuído para a sua morte, a 8 de março.

O norte-americano David Bennett, que tinha 57 anos, foi a primeira pessoa a viver graças a um órgão de porco. Na altura, a operação foi descrita como um sucesso, mas o estado de saúde do paciente começou a piorar um mês e meio depois.

O cirurgião que liderou o transplante, Bartley Griffith, revelou a deteção do citomegalovírus durante uma palestra organizada pela American Society of Transplantation, a 20 de abril. "Estamos a começar a descobrir porque é que ele morreu. Talvez o vírus tenha sido o ator que desencadeou tudo", explicou, citado pela revista norte-americana MIT Technology Review.

Griffith, do Centro Médico da Universidade de Maryland, defendeu-se das críticas. "Para nós, ele era um paciente, não uma experiência. Tudo o que ele queria era viver. Na verdade, era um homem muito engraçado. A caminho da operação, ele olhou para mim e disse: 'tem a certeza de que não posso conseguir um coração humano?'", contou.

Bennett tinha uma doença cardíaca grave e concordou em fazer esta cirurgia experimental, depois de ser considerado inelegível para receber o coração de outro ser humano.

O porco que doou o coração passou por um procedimento de alteração genética para eliminar um gene que produz um açúcar específico, que de outra forma teria desencadeado uma forte resposta imune e levado à rejeição do órgão.

A alteração genética foi realizada pela empresa de biotecnologia Revivicor, que também forneceu o porco usado num transplante de rim inovador num paciente em morte cerebral em Nova Iorque, em outubro.

O órgão foi mantido numa máquina de preservação antes da cirurgia. Paralelamente, a equipa também utilizou medicamentos convencionais antirrejeição para evitar que o sistema imunitário rejeitasse o órgão.

Cerca de 110 mil norte-americanos estão à espera de um transplante de órgão e mais de 6 mil morrem a cada ano à espera de um, de acordo com dados oficiais.

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