Hollywood une-se para libertar Kesha do seu alegado violador

Após a recusa da anulação do contrato de exclusividade que liga a cantora ao produtor Dr. Luke, Taylor Swift doou-lhe 225 mil euros. Demi Lovato e Gaga também mostraram apoio
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A justiça foi clara e perentória: Kesha está impedida de fazer música com outro produtor que não Dr. Luke, o seu alegado abusador sexual, com quem assinou uma cláusula de exclusividade no contrato da Sony. O veredicto do Supremo Tribunal de Nova Iorque, emitido na passada sexta-feira, deixou a cantora em lágrimas, os fãs revoltados e despertou uma onda de solidariedade em Hollywood. Taylor Swift foi uma das primeiras figuras a chegar-se à frente, doando 250 mil dólares (225 mil euros) "para ajudar a qualquer necessidade financeira que ela tenha", anunciou esta segunda-feira um porta-voz.

A grande vencedora dos prémios Grammy 2016 é apenas um dos muitos rostos da indústria musical que, nas redes sociais, têm deixado mensagens de apoio à artista de 28 anos. "Há pessoas em todo o mundo que te adoram. E posso dizer que admiro verdadeiramente a tua coragem", escreveu Lady Gaga. Já Lorde fez questão de sublinhar que está "ao lado de Kesha durante este período traumático e profundamente injusto".

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Demi Lovato também se juntou à onda de indignação de celebridades como Kelly Clarkson, Lily Allen ou Ariana Grande, escrevendo uma série de tweets com a hashtag Free Kesha. "Isto só vai tornar-te mais forte, miúda linda e corajosa. As orações estão contigo. É frustrante ver as mulheres chegarem-se à frente com o seu passado, apenas para serem derrubadas, desacreditadas e desrespeitadas. Acontece demasiadas vezes", lamentou.

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Numa outra publicação, a ex-estrela da Disney incentivou "as auto-proclamadas feministas" a "falar e a tomar medidas pelos direitos das mulheres". Muitos fãs interpretaram estas palavras como uma "indireta" para Taylor Swift, mas várias fontes já garantiram à revista Rolling Stone que o seu donativo nada teve que ver com as declarações de Lovato. "Quando a Taylor viu as desoladoras fotografias da Kesha no tribunal, soube imediatamente que tinha de fazer alguma coisa", avançou uma das fontes.

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A "generosa doação", nas palavras da mãe de Kesha, Pepe Sebert, é uma ajuda valiosa nesta fase, uma vez que as despesas judiciais do julgamento podem vir a atingir valores dificilmente suportáveis. Isto porque o acusado, Lukasz Sebastián Gottwald (conhecido apenas como Dr. Luke) continua a negar ter cometido qualquer crime contra a artista, acusando-a ainda de alimentar uma "campanha" para lhe destruir a carreira.

Na audiência que decorreu a 19 de janeiro, a juíza Shirley Kornreich justificou a sua posição, afirmando que Kesha pediu "ao tribunal para anular um contrato que foi fortemente negociado e que é típico da indústria". O processo contra a Sony e Dr. Luke foi instaurado em outubro de 2014, quando a intérprete de Tik Tok acusou o produtor de a ter drogado, violado e abusado física e verbalmente, há cerca de dez anos. Nos documentos obtidos pelo site TMZ, são relatados vários episódios, entre eles um em que Kesha acordou "nua" na cama de Dr. Luke, "sem capacidade para recordar" como ali fora parar. O compositor terá ainda ameaçado a jovem Kesha, para que esta nunca revelasse os alegados abusos.

O advogado da cantora, Mark Geragos, explicou à juíza que avançou com este processo porque a carreira de Kesha poderia estar "irremediavelmente prejudicada", se não voltasse a produzir música. "Não há evidência de danos irreparáveis. Foi-lhe dada a oportunidade de gravar", respondeu a magistrada. A imprensa norte-americana revela ainda que, segundo o contrato da Sony, Kesha terá de gravar mais seis álbuns sob a alçada de Dr. Luke, até poder avançar com a sua carreira. Nova audiência está ainda por ser agendada.

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