História com força feminista em que o segredo é Kevin Costner

Sucesso inesperado, Elementos Secretos é uma história verdadeira com força feminista, nomeada para melhor filme
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O segredo de Elementos Secretos é a sua leveza. Leveza mercê de uma força dramática com poucas calorias, ideal para contar uma história verdadeira que tem aqueles ingredientes universais e que apelam a diversos públicos. O filme é um patriotismo americano daqueles que se sentem a léguas mas que não enjoam, uma história de triunfo humano bem contada e que reconforta a alma universalmente.

Neste caso, a odisseia dos americanos na luta contra os russos na exploração espacial nos anos 1960. Só que o trunfo aqui é seguir de perto o trabalho (e a vida) de três mulheres afro-americanas que singraram na NASA e que foram fundamentais nas missões espaciais. São elas: Katherine Johnson (interpretada por Taraji P. Henson), prodígio matemático que fez os cálculos certos para a primeira viagem no espaço de John Glenn (Glen Powell); Dorothy Vaughn (Octavia Spencer, aqui nomeada ao Óscar de atriz secundária), que se tornaria a primeira supervisora do controlo informático da NASA; e Mary Jackson (Janelle Monae), a primeira jovem negra a conseguir concluir o curso de Engenheira. Três amigas que desafiaram convenções numa América racista e segregada.

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Quer se queira quer não, Theodore Melfi (autor de Um Santo Vizinho, 2014) realizou um filme-bandeira de esperança americana. Se o fez com a tal ligeireza que é o seu charme, foi também para retirar uma carga institucional do tema, pondo o enfoque no carisma destas mulheres, belas personagens de cinema, trabalhadas com tempo e cada uma delas possuidora de um espírito e cariz muito próprio. Claro está que podemos argumentar que falta uma ambição maior ao filme, que tudo segue pela bitola do bonitinho mas simpático, mas Melfi filma toda esta odisseia americana com um sentimento classicista muito interessante, sobretudo a nível estético, onde gere de forma rigorosa os espaços da NASA. Dispensava-se era a imposição das canções com música moderna de Pharrell Williams, dispostas constantemente para vender o filme a um público mais jovem.

Para já, é um dos primeiros grandes sucessos de bilheteira nos EUA. As suas três nomeações aos Óscares (incluindo melhor filme) e a recente vitória nos SAG como melhor elenco do ano devem-no ainda catapultar para voos mais altos. Juntamente com Moonlight, de Barry Jenkins, e Vedações, de Denzel Washington, faz parte da trilogia dos filmes afro-americanos que dão cor à corrida dos Óscares deste ano.

Cruel coincidência, a melhor interpretação do filme é a de Kevin Costner, exemplar como Al Harrison, o responsável pela NASA. Costner volta aqui a lembrar-nos o grande ator que ainda é - pena não estar entre os nomeados para ator secundário. Este é o Costner dos tempos de JFK.

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