Hillary deixa cargo convencida de que mudou a diplomacia
Clinton sai de cena com o nível mais alto de popularidade dos quatro anos em que, à frente do Departamento de Estado e no número recorde de visitas a 112 países, defendeu a diplomacia traçada pelo presidente Barack Obama e pelos seus conselheiros.
Especialistas e diplomatas reconhecem-lhe um profissionalismo, uma energia e um carisma "excecionais" e defendem que ela elevou os valores e os interesses do país, mas admitem ter dificuldade em identificar grandes êxitos ou fracassos na sua governação.
Nos últimos dias do seu mandato, Hillary Clinton, que foi advogada, ex-primeira dama, senadora e candidata às primárias democratas para as presidenciais de 2008, foi convidada para dezenas de receções de despedida, conferências e entrevistas, incluindo uma entrevista comum com Obama, que disse considerá-la "um dos melhores secretários de Estado da história dos Estados Unidos".
Clinton admitiu sentir tristeza por se afastar dos 70 mil funcionários que fazem funcionar a maior rede diplomática do mundo, com 275 representações diplomáticas.
Mas disse-se "extremamente orgulhosa" de ter sido a porta-voz da "nação indispensável", de uma "América hoje mais forte internamente e mais respeitada no mundo" graças a uma "maneira diferente de fazer diplomacia".
Evocou, a propósito, a herança que recebeu da administração de George W. Bush em janeiro de 2009: "Duas guerras, uma economia em queda livre, alianças desgastadas, um estatuto diplomático enfraquecido e muitas interrogações no mundo quanto aos valores dos Estados Unidos".
Quatro anos mais tarde, Hillary Clinton disse ter "revitalizado a diplomacia norte-americana e consolidado as alianças", definido as retiradas do Iraque e do Afeganistão, eliminado Bin Laden, apoiado a "primavera árabe", reforçado o isolamento da Coreia do Norte e do Irão, reequilibrado a relação com a Ásia e reforçado as relações com a Europa, América Latina e África.
A sua ação foi também marcada pela importância que deu aos direitos das mulheres e dos homossexuais, ao desenvolvimento, à saúde e à liberdade de expressão.
No momento de terminar o mandato, Hillary Clinton goza de um nível de popularidade superior ao de Obama, o que reforça a expectativa de muitos em Washington de uma candidatura presidencial em 2016.
Ao longo da última semana, escusou-se a falar do seu futuro político, assegurando que só pensa em "recuperar 20 anos de sono em atraso".
Hillary Clinton, 65 anos, passa hoje a pasta para o senador democrata John Kerry, 69 anos.