"No Freixieiro não há chicotadas psicológicas para o treinador, só para os jogadores." Parece estranho, mas a explicação é simples: presidente e treinador são irmãos. Claro que o facto de já terem vencido o campeonato nacional e a supertaça, também ajuda. Isso, e alguns truques que aprenderam com a convivência de uma vida. "Nunca falamos nas primeira 24 horas depois dos jogos", explica Mário Brito, presidente e irmão mais velho. "Não devemos tomar decisões de cabeça quente", acrescenta. O mano mais novo complementa: "Cada um faz o seu papel e não nos metemos nas funções um do outro.".Além de trabalharem no clube, também gerem a empresa da família. Basicamente, passam o dia todo juntos. Mesmo assim garantem: "Nunca nos zangamos.".Mas a presença do Freixieiro na vida da família Brito vem de longe - teremos de recuar mais de 40 anos. Aliás, possivelmente, se não fosse o clube, não havia família. Tudo começou nos anos 60, quando o Freixieiro era conhecido por duas modalidades bem distintas: o futebol popular e o teatro. Conta-se que as peças eram tão dramáticas, que levavam a audiência às lágrimas, de tal forma que a Associação Recreativa do Freixieiro ganharia a alcunha, que se mantém até hoje, de "o Choradinho". Populares eram também os bailes de domingo e foi justamente aí, entre um passo de dança e uma conversa, que Mário Brito (pai) viria a conhecer aquela que se tornou sua mulher e mãe dos manos que hoje comandam os destinos do clube. .A cadeira da presidência foi o capítulo seguinte desta história de família que se confunde com a do clube. O pai foi presidente durante 20 anos, o filho, que herdou o nome, seguiu-lhe as pisadas, e está na direcção há quase uma década. O irmão, Joaquim, juntou-se-lhe quase de imediato, como treinador da equipa principal. Mas há mais. A mulher de Mário, que chegou a ser seccionista, angaria a maior parte da publicidade de que vive o clube e o filho ajudou a criar as camadas jovens, onde jogam os primos, um nas escolinhas, outro nos juvenis. ."Passámos aqui a adolescência, a juventude e continuamos cá na idade madura", diz Mário Brito, logo secundado pelo irmão: "O Freixieiro é o nosso vício". E uma paixão tal que os leva a fazer mil quilómetros para ir ver um jogo. A família Brito garante que "continua de alma e coração neste projecto do Freixieiro", ao ponto de o presidente emprestar dinheiro ao clube quando é necessário..Por não quererem que a memória da passagem do pai pelo clube se perca, desde o seu falecimento, há 11 anos, dedicam-lhe um torneio, que tem uma particularidade, é inteiramente custeado pela família.|